terça-feira, 15 de março de 2011

O que espera a Propaganda
no ES neste 2011?

postado por oswaldo oleari,
autorizado por Antonio Carlos Barbieri



Autorizado pelo poderoso chefão Dom Barbieri, escalo a escada da fama das celebridades publicitários - eu mesmo, um aposentado publicitário - para atualizar nosso blog e propor a todos que comecemos por marcar uma reunião para marcar uma reunião para agendar uma reunião preparatória de um simpósio sobre o momento da propaganda nos Emirados Unidos do ES.

Muito antes do PT, no meio convivi com parceiros que adoravam marcar reuniões para agendar reuniões suecedidas por reuniões intermináveis.

Se a reunião da Confraria continua às segundas no nosso querido Piu, gostaria até de participar, embora conheça pouquíssimos estelares da área atual. Mas conheço Dom Barbieri, Álvaro Nazaré e José Luiz, além do Dr. Maely Coelho, um desses extraordinários baianos que pensaram em fazer do Espírito Santo o que sempre fizeram muitos baianos - encurtar o caminho para o Rio de Janeiro - mas que, felizmente, parou por aqui para enriquecer o ES com sua inteligência, criatividade e trabalho.

Só deixo uma pergunta no ar: como já estamos no "depois do carnaval", o que esperam os homens da propaganda do ES para este 2011 cheio de interrogações?
(Oswaldo Oleari - donoleari@gmail.com)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

CONTRIBUIÇÃO À PROPAGANDA CAPIXABA

Por: Roicles Coelho

ORIGEM E VIVÊNCIA NO MEIO RURAL

Nasci e passei parte da infância e adolescência no sul do estado, na zona rural de Itapemirim. Deste ambiente assimilei, no convívio com a família e com a gente simples da zona rural, valores como seriedade, lealdade, compromisso e responsabilidade, além do sentido da independência e da liberdade, típicos do homem do campo. Na vida adulta estes princípios se tornariam básicos para alicerçar o comportamento que sempre pautou minha trajetória de vida – dentro e fora da atividade publicitária.

O INTERESSE PELA INFORMAÇÃO

Aos 12 anos passei a residir em Vitória, na Cidade Alta, onde a grande atração para mim era a biblioteca pública onde passava grande parte do tempo livre. Lia, uns após os outros, livros e revistas – até mesmo em espanhol, fortalecendo o hábito da leitura e a busca do conhecimento. Com 15 anos, estudava no Colégio Estadual, no Forte São João, e já produzia um jornalzinho estudantil utilizando um mimeógrafo que eu mesmo fiz pois naquele tempo não havia xerox nem impressora. Iniciava com este informativo meus exercícios na arte da Comunicação.

BELO HORIZONTE – INICIAÇÃO NA PROPAGANDA

Em 1969 decidi me transferir para Belo Horizonte para cursar arquitetura mas ao entrar na primeira Agência de Propaganda mineira recebi proposta para atuar como redator. Como tinha facilidade para redação, aceitei o desafio, arquivando os planos com relação à carreira de arquiteto.

RIO DE JANEIRO: A CONSOLIDAÇÃO DO APRENDIZADO

Cheguei ao Rio de Janeiro no final de 1971. A cidade com seu riquíssimo ambiente cultural estimulava experiências, aprendizado e descobertas.
Perceber tendências e antecipar-se aos acontecimentos foi algo que aprendi no Rio e que sempre busquei através do acesso a informações estratégicas e do convívio com gente inteligente e bem informada. Além disso, tinha, pela primeira vez, oportunidade de atender grandes empresas, que exigiam propaganda mais elaborada e eficiente até mesmo por disputarem mercado com concorrentes de peso. Isso concorreu para minha profissionalização.
Foi também no Rio que a fotografia começou a ocupar um lugar especial no meu campo de interesse tornando-se valioso recurso na atividade publicitária.

RETORNO AO ESPÍRITO SANTO
Decidi deixar o Rio por Vitória em 1973 quando aqui só haviam duas Agências atuando no mercado: Eldorado Publicidade e Meta Propaganda.

Comecei a trabalhar na Meta como Redator e, quatro meses depois, vim formar dupla de criação com Gonzalo Bregón Esteban, Diretor de Criação e Arte, advindo da CBBA Propaganda, conceituada agência paulista. Atendíamos a contas da Secretaria de Turismo, Bandes, Agrosuco, entre outras.
O que criamos e produzimos para estes clientes foi algo tão qualificado que poderia ser utilizado hoje - 25 anos depois. Permaneci na Meta por dois anos, deixando a Agência para constituir a Gonzalo & Roicles Propaganda, sediada na rua Alziro Viana, Cidade Alta.

GONZALO & ROICLES PROPAGANDA

Os resultados do bom trabalho da nova Agência logo se fizeram ver na publicidade da Direção Empreendimentos Imobiliários, da Caderneta de Poupança Tamoyo, da Construtora Boechat, da Imobiliária Patrimônio, da GBG Consultores Associados, da Staca Engenharia e tantos outros clientes.
Como precisávamos baixar custos e, ao mesmo, dar velocidade ao nosso trabalho, comecei a produzir fotos para algumas campanhas da Agência, exercitando a arte da fotografia já não mais como hobby mas como valioso recurso na produção publicitária.
Em pouco tempo estava sendo convidado para expor na Aliança Francesa de Vitória. Era a primeira de sucessivas exposições fotográficas. A mostra se chamou "País capixaba" e revelava a diversidade racial e cultural do Espírito Santo.

POPULARIZAÇÃO DO OUTDOOR

Quando a Agência começou a atuar no mercado percebemos a grande eficiência do outdoor como veículo de comunicação. Era o veículo de maior retorno em termos de custo-benefício. Afinal, todo o trânsito na cidade passava apenas por duas vias sendo possível atingir os consumidores com um mínimo de cartazes de rua. O único problema era que toda a produção dos cartazes era feita em São Paulo - via Nanograf - e o mínimo exigido eram 60 cartazes. A solução foi desenvolver um processo artesanal que permitia produzir outdoor em qualquer quantidade - até mesmo um só cartaz. Foi assim que o outdoor se popularizou no Espírito Santo.

REGISTRO DA PAISAGEM CAPIXABA

Meu interesse pelo Espírito Santo aumentava continuamente. Realizei várias incursões a regiões pouco visitadas em nível turístico e, assim, fiz vários registros fotográficos ao longo do litoral e pelo interior do estado.
Percorri o estado de norte a sul, leste a oeste e fiz o maior registro fotográfico da paisagem, arquitetura, folclore, fauna e flora, chegando a ter o maior acervo de imagens do estado. Hoje quem tem este mérito é a Usina da Imagem, do fotógrafo Humberto Capai que além do registro fotográfico tem uma eficiente organização das imagens, disponíveis para toda sorte de utilização.

REGIONALIZAÇÃO DA PROPAGANDA CAPIXABA

Com tantos registros paisagísticos, conhecendo a história, cultura e valores capixabas comecei a integrar estes elementos locais na comunicação que criava e produzia. Em várias campanhas utilizamos como cenários paisagens de Itaunas, Pedra Azul, Itapemirim, Barra do Jucu, Santa Leopoldina entre outras locações, numa linguagem tipicamente regional mas com um caráter universal. Nas produções para mídia impressa e eletrônica preferenciava modelos capixabas, valorizando a prata da casa. Se fosse necessário orientava e treinava os/as modelos. Em toda a história da Objetiva só uma vez contratamos um ator do Rio de Janeiro: era um comediante da TV Globo, profissional que não havia no Espírito Santo.
Este sempre foi um diferencial da Propaganda Objetiva e uma inovação na Propaganda Capixaba que deixava de utilizar os clichês de Rio e São Paulo para assumir uma forma própria de expressão. Com o tempo as demais Agências do mercado foram adotando – em maior ou menor grau – este procedimento.

PROPAGANDA OBJETIVA LTDA.

Em 1977, após dois anos na Gonzalo & Roicles Propaganda, desliguei-me da sociedade e fundei a Propaganda Objetiva Ltda.
A Agência ingressou no mercado com uma presença forte, lançando "Morada do Lago" um empreendimento imobiliário na Barra do Jucu, a 8 km do litoral. O cliente, Marinho Nogueira Empreendimentos Imobiliários permitiu a utilização de todos os veículos de comunicação, o que resultou em extraordinário resultado de vendas. Desta forma a Agência iniciava no mercado com uma demonstração de competência – o que foi sua marca ao longo de 25 anos de atividade.
No início da Objetiva, com uma estrutura mínima, tinha que acumular várias funções. Por isto, atuei no Planejamento, Criação, Redação, Mídia, Produção RTV e Atendimento. Isto me permitiu ter uma visão abrangente e sistêmica da Comunicação, garantindo maior eficiência nas estratégias de marketing e campanhas publicitárias

CRIATIVIDADE E OBJETIVIDADE

Uma das características da Objetiva sempre foi a criatividade associada à objetividade, o que garantia máxima eficiência na comunicação. A Agência também oferecia soluções bem elaboradas a custos competitivos. Agilidade também era outra característica do atendimento. Maior prova desta competitividade era o fato da Objetiva vencer 9 em cada 10 concorrência que participava – desde que não fosse carta marcada, obviamente.

DO MICRO EMPRESÁRIO AOS GRUPOS ECONÔMICOS

Enquanto a Objetiva atuou no mercado todos os clientes foram atendidos com a mesma atenção - da micro-empresa aos grupos que alavancavam o crescimento do estado. Atendemos com agilidade e eficiência a corporações como o Grupo Pianna, Grupo Aguia Branca, Grupo Líder, Sistema Empresarial Coser (atual Grupo Coimex), Chocolates Garoto, Hortifruti, Centro da Praia Shopping, Emater (atual Incaper) além de Calçados Itapuã, Acta Engenharia, Colégio Nacional, Prefeituras do interior, Banestes, Bandes e Governo do Estado. No caso da CVC, concessionária do Grupo Líder, o atendimento se estendeu por 15 anos ininterruptos.
Lançamos muitos empreendimentos em vários municípios capixabas com predomínio da Serra e, inclusive, alguns loteamentos que se tornaram conhecidos bairros no território serrano.

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE VITÓRIA
Em 1994 assumi a presidência da Associação Comercial de Vitória, eleito por unanimidade. Desde então, passei a ter contato com os mais diferentes segmentos econômicos pois a ACV integra empresas do Comércio, Indústria, Serviços e Agropecuária, tendo todo o estado por área de abrangência. Comparecia a todos os eventos, passando a ampliar meus relacionamentos na área empresarial, política e de Imprensa, passando a conhecer melhor a economia e o contexto capixaba. Também representava a ACV em diferentes instâncias, em nível de Iniciativa Privada e de Administração Pública.

INTELIGÊNCIA COMERCIAL OU ESTRATÉGICA

Depois de desativar a Propaganda Objetiva, em fins de 2002, passei a perceber que haviam oportunidades em outros campos – economia, por exemplo - e comecei a assessorar a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China a convite do seu Diretor Executivo. Em 2008 comecei a trabalhar para a implantação da Câmara de Comércio Índia-Brasil em Vitória, passando a estudar a economia e cultura do país
asiático. Neste mesmo ano, em articulação com a Findes, atuei na realização do Fórum Econômico Brasil-China e o do Primeiro Encontro Empresarial Índia-Brasil em Vitória .
Percebendo o potencial do setor de petróleo e gás no Espírito Santo realizei várias viagens a Macaé entre 2007 e 2008, fiz contatos estratégicos na cidade-sede da Bacia de Campos e tive acesso a informações qualificadas.

Verificando a crescente importância da Inteligência Estratégica ou Inteligência Comercial (Business Inteligence – BI) decidi me empenhar por mais especialização, buscando maior entendimento da economia – estadual, nacional e internacional, ao mesmo tempo que ampliava relacionamento com empresários-investidores.

NA SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Em 2008 ainda não sabia como utilizar Inteligência Estratégica no mercado mas no fim do ano surgiu a oportunidade. Em dezembro, num contato com Jessé Moura Marques, apresentei alguns documentos econômicos que desenvolvi e outros projetos com foco econômico, social ou ambiental. Poucos dias depois Jessé, que tinha sido executivo da Aracruz Celulose e do Grupo Águia Branca, me informou que estava sendo indicado para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico na gestão de Sérgio Vidigal, Prefeito eleito da Serra. Propôs então que eu fizesse parte de sua equipe para as articulações com o setor produtivo. Em janeiro de 2009 assumi na Sedec como Gerente de Desenvolvimento Econômico – o que tanto representa desafio como um campo imenso de trabalho e realização.

NB: Roicles é uma das figuras que mais contribuiram com o desenvolvimento do mercado capixaba de propaganda. Uma figura impar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

DA ILUSÃO À DESILUSÃO: MINHA TRAJETÓRIA EM PROPAGANDA

Por: João Zuccaratto


Comecei a prestar atenção à propaganda como um campo de trabalho no início de 1976. Tranquei o Curso de Engenharia Civil na Universidade Federal do Espírito Santo em 1974 e buscava alternativas aqui e ali, quando me chamou atenção a criatividade por trás de alguns comerciais de televisão.

Passei a pesquisar como aquilo era conseguido. Descobri que havia produtoras, naquela época apenas no Rio e em São Paulo. Fiquei uns seis meses no Rio tentando entrar em uma delas. Não consegui. Num retorno a Vitória, uma amiga me arranjou uma colocação no setor que cuidava da propaganda da Telest.

A empresa iria lançar um novo plano de expansão. A campanha estava a cargo da Eldorado Publicidade. O atendimento era do José Roberto Prado Coelho. A criação, de um profissional de fora, recém-contratado: Sérgio Dórea. Na primeira reunião na agência, percebi que estava do lado errado daquele negócio.

Minhas funções na Telest eram burocráticas. Queria mesmo era ter a oportunidade de bolar as peças. Achava que iria arrasar. Não me recordo como foi o lançamento. Havia um folheto que marcou negativamente aquela minha estreia. Meu chefe viajou e me deixou com a missão de fazer a agência cumprir os prazos.

Todo dia eu ligava para lá. Eles enrolando. Até que chamaram para apresentar as artes-finais do folheto. Fui até os escritórios da agência, no Edifício Ricamar. Constatei que tudo estava de acordo com o layout. Inclusive um formulário destacável, cujo verso trazia impresso o contrato que regulava a negociação.

Ninguém tinha me avisado de que deveria revisar o conteúdo, o que a agência não tinha feito. Autorizei e mandaram imprimir. Resultado: tiveram que refazer a parte do contrato, pois saiu com erros. O José Roberto tentou culpar a mim. Fizeram de novo o formulário, que foi grampeado um a um no folheto.

Já tinha decidido largar a Telest e procurar uma agência. E a Eldorado era carta fora do baralho. Uma campanha de outdoor bem criativa me chamou atenção para a Gonzalo & Roicles. Eles usaram um lançamento da Direção Imóveis para divulgar a qualidade do trabalho que faziam. E aí o destino me ajudou.

Num fim de semana qualquer, fui visitar uma família amiga, vizinha do período em que morei em Jucutuquara. Ao chegar lá, descubro que a caçula estava namorando um fotógrafo. O nome dele: Roicles Matos Coelho. Conversa vai, conversa vem, revelei que estava interessado em trabalhar com propaganda.

Ele, que era o redator, disse que estava saindo da agência e procuravam um substituto. Achei que não daria certo, porque não redigia nem carta. Baseado na sua experiência, retrucou: “Redigir você aprende. O importante é ter ideias.” E eu: “Ideias eu tenho. Dá para fazer um teste?” Poucos dias após, lá estava.

O diretor de Criação, Gonzalo Bregon Esteban, depois de papear comigo, sem eu saber, colocou em discussão um briefing real. E pediu uma sugestão. Debate daqui, debate dali, a solução que ofereci era a mesma que tinham criado. Foi só o tempo de cumprir aviso prévio na Telest para integrar à equipe deles.

Era o lugar que em havia pedido a Deus. A agência ficava numa casa na Rua Alziro Viana 614. A garagem era a recepção. No andar seguinte, administração, sala de reuniões e espaço para diretor de criação e redator. Atrás, estúdio fotográfico. Acima, Setor de Arte. E um estoque inesgotável de revistas e livros.

Amauri Parreira, sócio, fazia o atendimento e cuidava da administração. Helena Jansen, também sócia e mulher do Gonzalo, era a diretora de arte. Na recepção, a simpatia da Samira Ramos de Araújo, que depois foi para a Transbrasil e, mais tarde, enveredou pelo ramo de agência de turismo.

Tirando as aulas de Matemática, nunca havia encontrado algo que me seduziu tanto quanto a propaganda. Em seis meses, tinha lido tudo que havia na agência. Números antigos da revista Propaganda, anuários de criação, alguns livros. E muitos manuais sobre redação em geral, que era o que havia.

Lembro que fizemos alguns trabalhos muito bons. Certa vez, um lojista do antigo Palácio do Café, hoje Edifício Micheline, ali na Praça Costa Pereira, procurou a agência para vender um grande estoque de bermudas. Tinha que se uma solução barata, pois os recursos eram reduzidos. Não podia ser jornal ou televisão.

Me senti o próprio David Ogilvy atendendo camisas Hathaway. Fizemos um — escrevi “um” e é “um” mesmo! — outdoor. Era próximo do Carnaval e associamos o produto a ele. O preço, para classe C, arrasador. Acho que Cr$ 49,00 (quarenta e nove cruzeiros). O cartaz foi exibido na entrada da Segunda Ponte.

Não deu para quem queria. Vendeu tudo em poucos dias. O principal cliente na época era o Governo do Estado. Fugíamos sempre das soluções “chapa branca”, marca registrada da Eldorado. Mantínhamos o espírito inaugurado pela Meta. Ousávamos. Avançávamos. Mas éramos pouco reconhecidos.

Fato marcante veio da campanha para a Semana da Pátria de 1977. Sabe como é, ditadura militar no auge, o País era a terra dos cordeirinhos. Nada de agitação, greve, reivindicação. A não ser certo barbudo que mostrava as caras lá no ABC paulista. Mas o movimento ainda estava longe das plagas capixabas.

No brainstorm, focamos a atenção para os dísticos da Bandeira Brasileira e do Espírito Santo. Pululavam como dois slogans. E traduziam o clima da época. Lembro que a síntese foi minha: “Nunca houve tanta ordem e progresso. Nunca houve tanto motivo para trabalhar e confiar.” O Gonzalo topou na hora.

Como era uma ação de civismo, e este se processava nas ruas, o foco principal estava nos outdoors. E mais alguma coisa de TV, rádio e jornal. O Gonzalo projetou o layout com a maestria que lhe é peculiar. Focou na parte central das bandeiras, ampliando as mensagens positivistas, às quais ninguém presta atenção.

Nem tinha completado um dia de exibição quando uma viatura do 3º BC — na época, 3º Batalhão de Caçadores; hoje, 38º Batalhão de Infantaria — cheia de milicos aparece na porta da agência. Um oficial salta e entrega um comunicado ao Gonzalo. A Bandeira Brasileira não podia ser utilizada em propaganda.

Se a campanha continuasse, todo mundo iria para a cadeia. E os painéis de outdoor seriam derrubados a machado. O pessoal da Ponto de Propaganda teve de correr e colar folhas brancas sobre os cartazes. Mais fácil foi cancelar as veiculações em TV, jornal e rádio. Tudo uma estupidez que, espero, não se repita mais.

Em menos de um ano notei que aquela agência não era um negócio sustentável. Nome trocado para Profissionais de Propaganda, o que menos demonstrava era profissionalismo. Se tinha qualidade na criação, pecava nos demais setores. Prazos desrespeitados, gestão empírica, idiossincrasias em demasia.

Pedi demissão e fui tentar outros caminhos. Estava ao Deus dará quando recebo um telefonema do Edgard Rangel Cabidelli. Precisava de um redator e, por indicação do Gonzalo, “queria me dar uma oportunidade”. Lá fui eu para a CPA Propaganda, também na Rua Alziro Viana — só que no número 314.

Fiquei lá pouco tempo, mas criamos talvez a peça mais polêmica da história da propaganda capixaba. Um anúncio com um close do ambientalista Augusto Ruschi sob o seguinte título, meu: “Você trocaria este homem por uma lata de palmito.” Saiu no Vitória News, veículo independente do Rubinho Gomes.

E gerou um enorme conflito. A peça era contra a iniciativa do Governo de acabar com uma área de preservação ambiental em Santa Teresa, e entregar a terra para a produção de palmito. Tanto a agência quanto o jornal foram retaliados. Mas a ação morreu e hoje a reserva ainda está lá, praticamente intocada.

Nesta época, estava começando em direção de arte o João Carlos de Souza. Este é outro que, depois de suar bastante no negócio de publicidade, teve a oportunidade de atender um cliente que era o maior criador de gado simental do Estado. Investindo aos poucos, acredito que hoje está lá pelo Centro-oeste brasileiro.

Na CPA, tive noção do quanto, na época, se valorizava aqueles que desenhavam — muito poucos — em detrimento dos que redigiam — qualquer um. O diretor de arte ganhava Cr$ 40 mil. Eu, Cr$ 4 mil. Mesmo assim, o Cabidelli me demitiu antes do Contrato de Experiência se completar. Era para economizar.

Mais tarde, ele me disse que aquilo fora uma besteira. Mas aí a CPA já tinha falido. Passei também pouco tempo na Meta, antes de ir para a Rádio Espírito Santo. O bastante para conhecer pessoalmente o boa praça do José Fernando Osório, dono, e o casal Cecília Milanez e Ilson Milanezi, até hoje todos amigos.

Notar que as agências eram tocadas de forma que não garantia sustentabilidade ao negócio me levou a aprender sobre gestão de empresas. Comecei a ler e a praticar sobre o tema. E passei a conhecer Nota Fiscal, Fatura e Duplicata, Boletim de Caixa, Contas a Receber, Contas a Pagar etc. Isso me levou bem longe.

Fui trabalhar à noite na redação de A Gazeta. Durante o dia, fazia free lances de publicidade. Por dois períodos curtos, voltei para agências. Primeiro, para o consórcio Uniarte — do Álvaro Nazareth — e Paulo Gustavo Publicidade. Mais tarde, Quarup, dos irmãos Edgard e Erildo dos Anjos. Não fiz nada importante.

Na Quarup, reencontrei o João Carlos de Souza. O manda-chuva naquela época era o Antônio Barros, que mais tarde fez sucesso com sua Vitória Propaganda e, hoje, se não me engano, está voltado para a área de petróleo e gás. Fiz alguma coisinha também para a Graffitti Classificados, até hoje do Walter Araújo.

Outra criação minha que destaco é um anúncio para a Telest, conta da Oficina de Propaganda, onde conheci aquele o melhor administrativo e financeiro que já encontrei em agência: o Adilson Lourenço — alcançou o sucesso mais que merecido com sua Artcom e eBrand, sempre ao lado da esposa Marli.

Adilson é um exemplo do que a força de vontade, a dedicação, faz a uma pessoa. Antes de se tornar office boy da Oficina, era ajudante de pedreiro numa obra ao lado do escritório da agência. Em pouco mais de um ano, tinha se tornado o homem de confiança do proprietário, que vivia em Brasília.

Mas vamos ao anúncio. Corria junho de 1982 e a euforia com a Seleção de Telê Santana era total. Iriam buscar a taça. Assim que chegaram à Europa, bolei meia página de jornal standard com o seguinte tema: “Ligue para a Espanha e deseje sorte ao Brasil. O telefone da concentração é 0-XX-XX-XXXX-XXXX.”

E seguia: “Aproveite e ligue também para a concentração dos outros países e deseje azar para eles.” Abaixo, a relação dos telefones de cada um dos hotéis onde as outras 31 equipes estavam concentradas. Era para vender o DDI. Deveria ter sido apresentado à Telebrás, à Embratel, não à apagada Telest.

Acabou publicado, mas um arremedo da ideia inicial. Saiu quase como um pequeno classificado, apenas com o primeiro título. A alegação é que não ficava bem desejar azar para os outros times. E, claro, que não havia verba para autorizar a meia página. Acho que a frustração seria menor se tivesse sido cancelado.

Saí do jornal em 1986 e, depois de um tempo editando house organs, me tornei gerente administrativo e financeiro da Suporte Computadores e Sistemas. Esta função me levou para o Rio de Janeiro, em 1978, para a Presença em Comunicação e Publicidade, promotora de feiras industriais aqui no Estado.

Pode-se dizer que foram os introdutores dos eventos modernos entre nós. Lançaram Fitec, Modular e Constrular. O negócio deu certo por um tempo. Com a filial de Vitória vendida para o Paulo Salles, tinha a incumbência de fazer um último evento, a Feira de Negócios. Acabou um sucesso dentro de um fracasso.

Ficava três semanas no Rio e uma aqui. Neste vai e vem, depois de um ano, decidi voltar e arriscar neste novo ramo. Achei que iria ficar rico. Durante uns 10 anos, mantive parceria com a Paulo Salles Feiras e Eventos. Cuidava da administração e das finanças. E voltei aos free lances de jornalismo e propaganda.

Uma coisa me orgulha dos primórdios do turismo de negócios no Estado. Nas dezenas de feiras em que cuidei das finanças da operação, nenhum expositor foi embora sem ser cobrado. Pode até não ter pago depois, por outros motivos. Mas não saiu do pavilhão sem antes se comprometer dentro de uma negociação.

A instabilidade econômica no País se refletia nos negócios e era um prejuízo atrás do outro. Trabalhava um semestre inteiro para ganhar trocados. Findo o período com as feiras, foquei na propaganda e no jornalismo. Montei um estúdio de criação voltado ao atendimento de micro e pequenas empresas.

Cheguei a editar sete publicações: Informativo Acomac-ES; O Semeador, da Igreja Presbiteriana; jornal da Associação Brasileira dos Recauchutadores; informativo do setor de Recursos Humanos da Vitoriawagen; jornal do Consórcio Viwa; jornal A Notícia, de Domingos Martins; e revista Vida Vitória.

O advento da editoração eletrônica resolveu o problema crucial da produção de artes, antes confiada a gente não confiável. Fazia o rough da peça e, ao lado de um operador de Page Maker, Corel Draw ou Photo Shop, dirigia suas mãos até obter o layout. Tudo dentro do prazo e a custos extremamente competitivos.

Desenvolvi uma sistemática de criação em três estágios que é tiro e queda. Primeiro, pesquisava sobre o problema, anotando termos que tinham a ver com ele. Depois, buscava inspiração lendo e relendo livros de citações, coletâneas de frases feitas, expressões idiomáticas brasileiras, estórias do folclore etc.

Durante este processo, ia buscando sintetizar uma ideia que sustentasse o desenvolvimento da criação. Assim que ela surgia, ficava extremamente simples desenvolver os textos. Fixava o prazo de mais ou menos 60 minutos para cada etapa. Em quatro horas, tinha uma solução que resolvia o problema.

Certa vez, o Conrado Vieira, ainda na Gráfica Ita, pediu que desenvolvesse uma campanha para divulgar os serviços de impressão de jornais. Tinha que ser uma solução barata, pois não havia recursos para investimento. Que diferença para o desperdício que foi o lançamento da GSA no mercado, não?

Analisando o portfólio de publicações, dividi o conjunto em quatro áreas: jurídica, médica, econômica e de engenharia. Então, sugeri que fizessem um anúncio para cada uma delas, para serem publicados nos próprios veículos que imprimiam. Afinal, os exemplares iam para as mãos de público selecionado.

A estratégia era a seguinte: todas as entidades responsáveis pelos jornais pediam descontos, sempre concedidos. Daquele momento em diante, haveria a contrapartida da cessão de uma meia página para a divulgação dos serviços da gráfica. E assim as peças seriam veiculadas sem necessidade de investimentos.

Usando meu método de trabalho, criei quatro peças, cada uma recheada de expressões retiradas do setor que representava. Pena que só recuperei a da área médica. Aquela voltada ao meio jurídico era espetacular. Perfeitamente legível, trazia expressões em latim entremeadas ao longo do texto em português.

A ideia surgiu quando deparei com o ditado latino “as palavras voam, os escritos permanecem”. O título ficou assim: “Verba volant, scripta manent. Principalmente quando fixados em impressos de qualidade.” O fio da meada seguia neste ritmo: uma frase em latim seguida de uma oração em português.

Um achado simples de uns 15 anos atrás foram os dois postais que criei para a Pousada Enseada do Corsário, em Meaípe. Fui contratado para refazer todo o material de divulgação: folder, cartão de visita, postais etc. Na versão existente, estes traziam quatro imagens: recepção, apartamento, restaurante e cozinha.

Como a pousada ficava no topo de um pequeno morro, que tinha uma praia à esquerda e outra à direita, sugeri fazer dois postais, cada um trazendo a foto de uma das praias tomando todo o espaço. No canto inferior direito, uma pequena imagem da fachada do empreendimento, com o nome na entrada.

Foi um pouco difícil convencer a proprietária, mas ela acabou topando. Passados dois anos, a encontrei numa reunião de empresários em Guarapari. Ao me reconhecer, sua primeira manifestação foi agradecer. Mandara reimprimir os postais diversas vezes, devido ao sucesso alcançado com os hóspedes.

Como eles eram gratuitos, as pessoas os usavam para enviar a parentes e conhecidos, mostrando onde estavam no litoral capixaba. E funcionava como uma mala direta. Grande parte dos que recebiam, ligavam para conhecer detalhes, saber dos preços e condições e, na hora ou depois, fazer as reservas.

Muito boa também foi a campanha de anúncios de jornal que fiz a pedido do Luís Carlos Neto Silva, para divulgar a sua Lanvix Integradora de Sistemas. A empresa atuava no segmento de redes de computadores, tecnologia que, na época, trazia muitos problemas, como lentidão, interrupção de funcionamento etc.

Algum tempo antes, tinha visto um anúncio da W/Brasil para a revista Exame Info com a seguinte mensagem: “Leitura soft, informação hard.” Espetacular. O “informatês” traduzido para pessoas normais. Prometi a mim mesmo que, quando criasse alguma coisa na área da informática, tentaria seguir esta linha.

Ali estava a oportunidade. Identifiquei três problemas principais para combater. Criei uma peça para cada um deles. Os títulos resumiam a mensagem e o texto não trazia qualquer expressão de “informatês”. Um era ilustrado por uma coruja; outro, por uma tartaruga; e o último, por um caranguejo.

O que trazia a tartaruga tratava o conceito da lentidão, é claro! Naquela época, as redes trabalhavam e paravam, trabalhavam e paravam. Por isto, o título ficou assim: “Re-de de com-pu-ta-do-res que fun-ci-o-na as-sim não é re-de. É u-ma a-ra-pu-ca.” Marcaram época e foram um tremendo sucesso para a empresa.

O Luís me contou que diversas pessoas ligaram elogiando e perguntando quem tinha criado. Tempos bons aqueles. Recordo também que, certa vez, ele me pediu um folheto às 21 horas de uma segunda e entreguei impresso às 14 da quarta-feira, na abertura uma feira de informática no Shopping Vitória.

Também criava muita coisa para depois tentar vender para um anunciante, com pouco sucesso. Uma campanha de incentivo ao uso da camisinha é um bom exemplo. Ela era composta de dois outdoors, dois anúncios de jornal e dois spots para FM. Não encontrei interessados em bancar a criação e a veiculação.

Acho que ficaram com medo da reação do público. Os outdoors eram extremamente simples. Traziam em caracteres garrafais vazadas em fundo vermelho os seguintes dizeres: “Camisinha: sexo seguro prá cacete!” e “Camisinha: uma proteção do piru!”
Em letras menores, vinha: “Não passa Aids. Não engravida.”

Dois fatores contribuíram para encerrar este ciclo. Primeiro, a disseminação da informática. Todo mundo passou a ter um micro e a produzir artes. Eu cobrava R$ 150,00 para criar um outdoor e qual a minha surpresa quando vi uma copiadora na Praia do Canto oferecer este serviço por míseros R$ 7,00.

A mais decisiva é já não aguentar mais levar uma criação toda arrumadinha para o cliente aprovar e ver aquilo ser destruído sem dó nem piedade. A pressão subia, acabei perdendo o controle e me indispondo com a clientela. Recordo de duas que considero emblemáticas. Mas foram muitas, bastante, demais.

Certa vez, fui chamado para divulgar uma casa de bebidas finas localizada na Praia do Canto. O proprietário queria mostrar que, apesar de trabalhar apenas com produtos originais, tudo importado legalmente, seus preços não eram exorbitantes. A intenção era vencer a luta inglória contra a pirataria etílica.

A solução apresentada: uma mala direta a ser enviada para endereços selecionados. A capa trazia o seguinte título: “A única coisa que importamos do Paraguai foi nossa Tabela de Preços.” O material foi recusado com a seguinte afirmação: “Não posso vincular o nome da minha loja com o Paraguai.”

A outra foi um outdoor para uma clínica de vacinação infantil. A peça tinha o título “Com saúde não se brinca. Principalmente de criança.” Como ilustração, a própria marca — uma carinha de bebê, com o nome na parte inferior — ampliada na altura do cartaz. Nos lados, as vacinas. E o endereço no pé do layout.

Como tinham urgência, mas deixaram passar mais de uma semana sem passar a revisão, liguei para a pessoa que me atendeu e marcamos um horário. Disse que os sócios tinham se reunido, conversado bastante, até decidir que o título deveria ser mudado para “Vamos construir o futuro juntos.”

Não me contive e disse, de sopetão: “Mas isso e nada é a mesma coisa.” Ela rebateu de chofre: “Você parece aquela pessoa que vai ao médico e diz o que tem.” Eu: “Sim. Ao médico, digo o que sinto. Ele faz os exames e passa a receita. E eu cumpro. Vocês, não! Se é para tomar Paracetamol, resolvem ingerir Viagra.”

A médica não sabia o que falar. Tremia. Concluí dizendo que estava tudo bem. Troquei a frase, recebi meu dinheiro. E logo depois, parei. Busquei uma área onde isso acontece bem menos. Redação comum, executada de forma correta e organizada. E também a revisão de originais, principalmente de livros.

Recentemente, fugi a estes limites. Fiz folder para uma empresa de tecnologia voltada a Governos. O título: “Gestão pública transparente é aquela que mostra tudo preto no branco.” E o conteúdo foi na mesma linha. O cliente mandou mudar porque “preto e no branco eram palavras muito simples”. Desisto.

terça-feira, 29 de junho de 2010

APRENDENDO PROPAGANDA DESDE 1960

Por : Raymundo Cardoso

Desde 1960 que estou aprendendo propaganda. Após fazer uma viagem no meu passado profissional colhi uns lances porreta: Em 1973 de passagem em Vitoria com o extinto Jornal da Bahia e a revista Estados e Municípios do Rio de Janeiro, faturando para o jornal os municípios do sul da Bahia que não era simpático ao falecido ACM, pois o mesmo, durante seu governo, em cadeia de TVs falou: quem inserir alguma coisa neste jornaleco não conte com o meu governo, o jeito era buscar tutu no interior, e a revista era livre, tentei faturar a prefeitura de Vitoria e recebi um NÃO do então prefa Crisógono Cruz.

Fui apresentado ao grande Cariê e acabei ficando em Vitória por dois motivos: amarrei-me com a cidade e estava descasado, tinha que mandar a dor para aquele lugar.

O PRIMEIRO A CORES

Primeiro anuncio a cores do jornal A Gazeta, aniversário da Rua Sete de Setembro, (época de ouro) em 1987, no dia primeiro de setembro. Está arquivado.

Foram 61 lojas, desfiles de moda, de óculos, calçados e outros. A Gina Abrahão (comerciante na época) deu a maior força nos desfiles, tive o apoio do nosso amigo o ótimo Gilson Lourenço com sua equipe do setor de arte do jornal. Foram as duas páginas do meio, também tive o apoio do amigo Ernani Buaiz que na época era Relações Publica da Escelsa e cedeu a grande escada para foto feita por Gildo Loiola, que estranhou o horário, 12:30, hora de grande movimento, foi a maior confusão e teve até engarrafamento no trânsito e ouviu-se muitos com palavrões dos mais exaltados com a bagunça criada, e este era o meu objetivo afim de provocar curiosidade, altos comentários e por aí. O nosso Hélio Dórea deu a maior força, ele era o gerente comercial da Gazeta.

RADIO E TV VITÓRIA - Diários Associados, Rede Tupi. 1975

O saudoso Xerxes Gusmão era o diretor de propaganda e me admitiu como contato. Tenho guardada até hoje a carteira de contato assinada por ele.

Aproximando-se o Dia das Mães tive a idéia de fazer uma grande promoção com a a mãe mais jovem, a mais idosa, a mãe solteira, e a mãe com mais filhos.

Foram distribuídas senhas e as que tinham a senha e se enquadrassem nas exigências acima receberia brindes ofertados pelos patrocinadores que eram no total de 16. A fila estava quase na catedral, em pleno domingo e no programa extra do saudoso Nilton Gomes já que seus programas eram de segunda a sábado.

Foi uma coisa de louco, o Magno Teles e o Osvaldo Amorim não sabiam o que fazer, faltou brindes, inclusive iniciou-se um principio de quebra-quebra e foi necessário chamar a polícia pois, já tinham quebrado o vidro da portaria do Edifício Moisés na Avenida Jerônimo Monteiro. O Zanotti teve que pedir mais brindes aos patrocinadores e no final deu tudo certinho. Não posso deixar de citar a participação do grande Olívio Cabral que já não está mais entre nós


COMERCIAL NA 5 PONTES – UMA AVENTURA

Era uma produção em KROMA KEY para o cliente Rosas Moda International, era a moda chegando a Vila Velha e eu precisava da ponte vazia, lembro que o câmera era o Oliveira, da TV Gazeta.

Cheguei na guarita e falei com o chefe do posto da polícia militar que era um Sargento:

- Eu: Sargento, a ponte está para cair, é o boato por ai, precisamos dela vazia.
- O sarja indaga: A esta hora? (entrei com o papo de que iríamos fazer uma entrevista com ele).
- O sarja vaidoso pergunta: estou barbudo?
- Eu lhe respondi na hora: Tá legal meu bom sarja. Ele empolgado manda os soldados fecharem a ponte para dar a entrevista.

Foi o maior rebu, eram 14 horas de uma sexta-feira, altas broncas, buzinas por todos os lados, e como é que é? Foram 45 minutos de fechamento da ponte e só não aconteceu a entrevista, em seu lugar entrou a claquete: Rosa Vila Velha.


O GUINDASTE

A onda era o guindaste que vinha e tirava do navio um caixote grande “digdigdigdig” quando chegava ao piso “TUMMMMM”, explodia e apareciam os manequins dançando. Era a moda chegando em Rosas Moda.

Fui obrigado a assinar um termo de responsa, pois, era na época da ditadura militar e tinha federal por todos os cantos, um verdadeiro exército de olheiros, o nosso Judson com o lápis batendo nos dentes estava pálido e tremia como vara verde. Era o receio de não dar certo, ele era o gerente da Central de Produção de Comerciais da Gazeta, a CPC, mas no final deu tudo certinho e o nosso Judson ficou vermelhão, mas de satisfação. O guindaste foi uma gentileza do Dr.Jacob Ayub, à época o presidente da
Codesa . A claquete foi: Rosas Caixote. Tenho até hoje o arquivo da TV Gazeta em VHS.




SE NÃO TIVER RETORNO NÃO PAGA

A ÓTICA

O anunciante deste episódio tem hoje 7 lojas, é uma Ótica. Fiz um trato de assinar por ele, como desafio, porque ele achava que propaganda era supérfluo.

A peça era um jogo de três slides a ser veiculados no horário nobre. Já no segundo dia de veiculação ele me ligou às 22.30 horas e disse: Cardoso, propaganda é um negócio sério, não temos tempo nem de almoçar, passe aqui amanhã. Passei e assinamos um contrato com duração de um de ano.

Estão comigo há 28 anos, já nos separamos três vezes, é namoro antigo estamos firme.

O SUPERMERCADO

O cliente liga preocupado e me diz: Cardoso o comercial vai entrar a noite e a oferta do jogo de panelas já acabou, o que é isto?

Foi o que aconteceu com o supermercado: a bonificação, pela regra, é inserida após a programação, mas dessa vez a boni entrou a tarde no “vale apena ver de novo” , pois, foi o único encaixe para este dia.

Deu no que deu, o anunciante teve que arrumar 2 caminhões de ultima hora com os produtos, e os cliente fizeram reservas.
Obs: o meu contato de apoio na TV Gazeta era a Angélica.


HOMÓFONA*

Perguntei ao meu amigo cliente qual das lojas era a lanterninha de vendas, disse-me ele ser a da General Osório.

Então comecei a pensar como atrair o cliente. Lembrei-me das palavras homófonas e taquei no endereço da loja,em destaque, Osório com Z. Tinha gente que chegava para comprar e perguntavam se Osório era com Z ou com S. Deu certo, morou?
Esta papelaria ganhou em 2009, pela sexta vez, o prêmio Recall da Gazeta.

* palavras de pronúncias iguais.


MUTIRÃO DA ECONOMIA

Foi na época do Sarney, a inflação alta, as vendas baixas. Como estava em moda os mutirões, bolei então o mutirão da economia. Os lojistas unidos no combate a inflação afim de incrementar as vendas em curto prazo, desenvolvendo o mercado consumidor que na época se encontrava em franca expectativa.
Era um cooperativado de lojas da Rua General Osório, quando lá tinha muitos estabelecimentos de confecção e guarnição. NO ALVO!!!

Fiz então a viagem nas ruas Pinto Paca, Expedito Garcia e em Vila Velha. Foi um tal de botar pra fora os encalhes na TV Gazeta que vocês nem imaginam.

Também tenho em VHS esse arquivo da TV Gazeta, o cameramen Oliveira lembra dessa história e deve ter arquivo na TV gazeta.

Sou Soteropolitano, vou a salvador 2 ou 3 vezes por ano para rever amigos da velha guarda como também meus familiares, e numa roda, entre papos e goles comentei sobre os mutirões. Tempos depois, apareceu Liquida Salvador e por aí.


O INÍCIO

Comecei no jornal A TARDE de Salvador, o meu mestre foi CLODOMIRO DE CASTRO, diretor comercial e professor, também havia um anexo da igreja de São Francisco nos fundos que dava para a Baixa dos Sapateiros editora e livraria da igreja, no comando o professor de propaganda Frei Gaudêncio, eu freqüentava as aulas que eram 3 vezes por semana com 2 horas de duração cada. Então fiquei cercado de mestres, o frei ofertou-me o primeiro livro escrito e editado em português, que é o resumo do curso por ele ministrado e tenho guardado até hoje, como guardei também o dicionário da propaganda ofertado pela NESTLÈ e o livro Elementos da Propaganda escrito pelo Caio Domingues, é uma jóia rara.

O Brasil ainda começava a andar na propaganda. Sou do tempo que se escrevia MIDIA com E, a grafia usada era MEDIA.

Fui “media” em boas agências e a minha função era contatos com os veículos, para a compra de espaços e por aí.

A Nestlé e a Igreja davam muita força nesta área, a maior agência de propaganda é o Vaticano, sempre.

Trabalhei comoi media das agencias: Chama Propaganda, fundada pelos irmãos Brin Filho e Lia Mara, hoje a Chama é de J. Randam. Passei também pela Maricesar do Elias Sobrinho, a Ética pertencente aos Meira e Aguiar, depois voltei para a Chama que havia juntado com a JS gravadora, e o nosso Gilberto Gil era quem bolava os jingles, era uma onda!

Os honorários de Agência eram de 16,75%, a profissão não era regulamentada, foi criada pela lei 4.680 de 18 de junho de 1965.

Passamos a existir graças ao regime militar, foi uma das coisas boas da época como também foi a extensão do mar territorial para 200 milhas náutica, onde está o nosso petróleo, morou?
Na minha época a grande PROPEG do Rodrigo Sá Meneses estava nascendo, também tive a minha falecida agencia EUREKA isto mesmo! Eureca com K.

È pena que somente 2 laudas e meia não dá para eu me exibir, ta? Tenho muita historias que dão até pra dormir.

Não lapidei o escrito, tá? Neste momento, 3 horas da matina, com uns uísques na cabeça posso ter esquecido algo, peço aos nossos companheiros que não reparem e se acharem algum erro, lapidem ta? Vou apagar.

OBS 1: Que tal em vez de reclame, CHAMARIZ???

OBS 2:Tenho todos os documentos dando veracidade da minha bagagem .

Raymundo Sá Cardoso, Vitória, ES, 05/06/2009

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A COMUNICAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO

Por: Márcio Lobato


“Os anos 70 foram fundamentais para a comunicação no Espírito Santo, principalmente para a publicidade. A UFES dá início ao curso superior de Comunicação Social, onde o saudoso Xerxes Gusmão Neto ministra a matéria Publicidade e Propaganda, única para a área no currículo do curso. Quase que paralelamente, é lançada a TV Gazeta, afiliada à TV Globo, que muda totalmente a forma de se fazer comunicação no Espírito Santo, antes restrito aos jornais, rádios AM, TV Tupy – canal 6 (antiga emissora dos Diários Associados, que não tinha a menor preocupação com a qualidade de imagem e do som exibidos). Dá-se, nessa época também, a interiorização do sinal da televisão, antes restrita apenas ao que hoje se chama Grande Vitória.

As agências de publicidade não eram muitas e sofriam com a falta de anunciantes e veículos. O Governo Élcio Álvares, numa decisão salomônica, incentivou a criação do Consórcio de agências, minimizando as brigas e possibilitando o investimento em estrutura e profissionais. Só a Eldorado, trouxe para o estado, nessa época, entre outros, Sérgio Dória (SP) e Maria Ribeiro (RS), fortalecendo a área de criação da agência, para a Uniarte veio o Ronaldo Alvim (SP), entre outros.

A TV Gazeta, manda para a RBS, no Rio Grande do Sul, sua equipe de atendimento, formada por José Antônio Neffa, Augusto César da Rocha e Danúbio Bezerra, com este último dando lugar depois ao Heitor Nogueira. Começava aí a profissionalização das relações agências-veículo-anunciantes.

Tudo ainda era muito difícil. Um roteiro ficava dez dias na Polícia Federal para ser aprovado ou não pela censura. Ou era VT de cartela, slides (table-top) ou filme 16mm, preto e branco, com todas as dificuldades de revelação e montagem próprias. Quer dizer, entre a aprovação do cliente e a efetiva veiculação, se não houvesse nenhum problema, independentemente se era material institucional ou varejo, se levava pelo menos 20 dias. Com a chegada dos VT’s Quadruplex, mesmo com o peso excessivo do equipamento, começava a ficar mais fácil captar imagens e editar. Profissões hoje comuns como diretor de cena, diretor de fotografia, produção de set, compositor de trilha, não existiam ou não eram usadas. A edição era limitada aos recursos das mesas de edições. Aqui abro um parêntese para me lembrar de duas pessoas que muito ajudaram a melhorar os comerciais eletrônicos, Arnaldo “Famoso” – um mágico da luz e Ubirajara Pinto, o Bira, que com sua paciência e dedicação, ensinou a muita gente e encontrou soluções que pareciam não existir. Ambos oriundos da TV Globo e do quadro inicial da TV Gazeta.

Na área gráfica, também não tinha moleza. Tudo era montado na prancheta ou com letraset (para os mais novos, folhas com letras e símbolos gráficos, com pouquíssimas opções de fontes, que eram decalcadas uma a uma na arte, comercializados em papelarias) ou então foto letra (encomendadas no Wagner, com maior variedade de fontes e tamanhos, mas que exigia um tempo a mais, já que eram feitas – fotografadas e copiadas – de acordo com o pedido do cliente). Daí mandava-se fazer o clichê no Hans ou o fotolito.
O rádio era o meio de comunicação mais abrangente e com o maior número de profissionais (locutores e operadores) e de anunciantes. Programas como Jairo Maia (que ainda era dono da discoteca do mesmo nome no Parque Moscoso), Ronda da Cidade, Castelo Mendonça, Hora do Almoço eram sucesso de público e de venda. Não se pode falar aqui de audiência porque não tinha nenhuma pesquisa. A comercialização de espaço de qualquer veículo se dava mais pela amizade e presença política de quem oferecia do que pelo retorno do investimento e muitas vezes, a compra dos espaços era efetuada porque era o programa ou o jornal que o anunciante via/ouvia/lia.

As maiores agências daquela época eram: Eldorado, Uniarte, Meta, Objetiva, Tema.

Os maiores anunciantes: além do Governo do Estado e Banestes/Bandes, eram Casas Eduardo, Casas do Anzol (de Colatina), Fokus, A Esportiva, Supermercados Santa Martha, Calçados Itapuã, Supermercados Boa Praça, Prefeitura de Vitória, Distribuidora Mercantil, Corretora Lima e Lima, Caderneta de Poupança Tamoio, Acta Engenharia e a Mesbla.

A Fokus tinha um comercial que até hoje é exemplo de eficiência, criatividade e simplicidade: era um toca disco, rodando um disco de vinil. O braço se movimentava e quando a agulha tocava o sulco do disco, a locução dizia: Fokus – especializada em som. Sobrepunha a logomarca e endereço. Tudo isso em um só plano e em 15 segundos.

Vendo hoje a produção/edição de um comercial nas modernas ilhas digitais é que tomo consciência do quão trabalhoso e criativo era fazer televisão. Um insert era trabalho para horas e envolvia vários profissionais. Para dar movimento a ele, então, nem se fala.

Tinha que se queimar fosfato e ir à tentativa do erro/acerto. Um texto falado diante das câmeras tinha a necessidade de usar a famosa “dália”, uma folha de cartolina contendo o texto a ser lido. Os créditos dos telejornais eram montados em letraset sobre o papel carbono extraído da folha dupla de papel do telex ( o precursor do msn) e aí montados numa traquitana que mais parecia uma carretilha, para alguém rodar no tempo exato destinado a ele e num mesmo ritmo. O croma-key só era recortado em preto. Era tudo manual e dependente do homem.

A TV Vitória/Rede Tupy, tinha alguns programas de auditório comandados por Jadyr Primo, Nilton Gomes e Carlos Alberto de Oliveira, só para citar alguns. Mas com produção precária e transmissão idem.

Com a criação da TV Gazeta/Rede Globo, foram realizados investimentos para a estruturação da produção de comerciais (a extinta Central de Produções Comerciais) e para os programas jornalísticos. É dessa época o programa Jornal do Campo, idealizado pelo jornalista Ronald Mansur, que antecedeu à criação do Globo Rural e serviu de referência para o mesmo.

Nos primeiros anos da década de 80 coube a Amylton de Almeida dar visibilidade à nossa produção local de televisão com o documentário “Lugar de toda pobreza”, o famoso vídeo-denúncia que mostrava homens e bichos brigando pela sobrevivência no lixão do bairro São Pedro. Foi premiado pela TV Globo.

Em 1984, o Grupo Buaiz compra de João Calmon a TV e Rádio Vitória e troca a programação da TVS (ex-Tupy) pela programação da Rede Manchete. A TVS (hoje SBT) passa então a ser transmitida pela TV Tribuna, do Grupo João Santos. A TV Vitória começa a investir na qualidade do sinal e na programação local, com o Jornal do Povo, cujo apresentador e responsável era o Oswaldo Oleari e com programas de debates que tinha como mediador o Luiz Eduardo Nascimento.

Hoje, são dezenas de programas produzidos nos mais diversos canais de televisão, sem nada desmerecer aos programas produzidos pelas cabeças de rede. A tecnologia que elas usam lá, também usamos cá. Centenas de empregos foram criados. Profissionais se especializam e abrem novos nichos de mercado. A pesquisa de audiência é ferramenta básica para se programar um anúncio e garantir o retorno do investimento do anunciante. O que hoje parece óbvio e fácil foi fruto de muita luta e o melhor é que todos ganharam: os empresários do setor de comunicação; os profissionais envolvidos nas mais diversas etapas das agências, veículos e produtoras; os anunciantes que reduziram seus riscos e principalmente, os leitores, ouvintes e telespectadores de qualquer canto do Espírito Santo que usufruem da democracia tecnológica, da profissionalização da nossa comunicação e da qualidade do que aqui é produzido e dos nossos veículos (com o advento da internet e TV digital o Espírito Santo largou na frente de muitos estados teoricamente mais poderosos).


NB: A memória do Márcio traz à lembrança nomes de pessoas que já não se encontram em nosso meio mas foram profissionais que prestaram imensa contribuição ao mercado seja trazendo novas técnicas comerciais, seja inovando a linguagem, cada um a sua maneira deixou uma marca indelével na história da comunicação do Espírito Santo.
Com muito orgulho pude conviver e aprender os ensinamentos de Mestres como Xerxes, Sérgio Dória, Bira, Amylton de Almeida e o “imperdível” Luis Eduardo Nascimento.

domingo, 6 de junho de 2010

UM ARGENTINO "BONISSIMO" : ANGEL ALÉN

Por: Angel Alén

Vejam que história interessante a do Angel, vale muito uma leitura.

"Durante a ditadura militar na Argentina era muito difícil trabalhar, havia muito desemprego e a repressão era grande.
Eu trabalhei como Diretor de Arte e Criação e fui sócio de um Estudo Gráfico chamado “Estudio Cavallero”, durante 10 anos, no centro de Buenos Aires.
Formei-me Publicitário e em Desenho Gráfico na “Escuela Panamericana de Arte”, em 1965. Trabalhávamos com grandes clientes como: Coca Cola, CBS Columbia, Rasti, Knittax, Griferias FV, Cristalerias Rigolleau, Helena Rubinstein, Clairol e muitos outros.
Chegou o plano econômico chamado “Rodrigazo” com um brutal reajuste que duplicou os preços e provocou uma crise terminal no governo de Isabel Perón que marcou o declínio definitivo do governo constitucional e a chegada da ditadura militar. A maioria de nossos clientes fechou as portas, levou as fábricas para o Brasil ou voltaram para a Alemanha. Fomos obrigados a fechar as portas também.
Foi aí que sai de Buenos Aires à procura de novos horizontes e, acreditando muito no desenvolvimento da economia e no futuro do Brasil parti para lá. Eu estava com 33 anos quando cheguei a Vitória, após 3 dias de viagem de ônibus desde Buenos Aires, em fevereiro de 1980, desembarquei ainda de madrugada na pequena Rodoviária de Vitória, toda alagada e debaixo de muita chuva, sem conhecer a ninguém, sem falar uma palavra em português, com pouca roupa dentro da pequena mala e pouco dinheiro também. Só tinha um número de telefone de uma amiga que conheci um ano antes aqui em Vitória, quando trabalhava como mecânico em um Navio da Marinha Mercante Argentina. Consegui encontrar-me com ela e fiquei hospedado na casa por dez dias. A minha idéia era ficar no máximo 15 dias em Vitória e ir subindo para conhecer Salvador e mais tarde ir definitivamente à procura de trabalho em alguma Agência de publicidade de São Paulo.
Com meu portfólio embaixo do braço comecei minha peregrinação aqui em Vitória em busca de trabalho. A primeira Agência que visitei foi “Eldorado Publicidade” na época de Sergio Doria Ribeiro. Em seguida procurei a “Meta Propaganda” e mais tarde a “CPA” do Cabideli*, até chegar na “Profissionais da Propaganda” onde fui entrevistado por Gonzalo Bregón Esteban que me aconselhou a não ir para São Paulo, pois lá, seria engolido por ser uma cidade grande, e, já que eu não falava português, seria melhor começar a trabalhar em uma cidade menor como Vitória.
Gonzalo me enviou para outra Agência chamada “Propaganda Objetiva” de Roicles Coelho, pois estava precisando de um diretor de arte. Quando eu falei que fui enviado pelo Gonzalo. Roicles começou a rir e me contou que tinha há tempo desfeito a sua sociedade e que eles nem se falavam.
Naquele momento fui muito bem recebido por Roicles e Marilia. No dia seguinte fiz um teste e gostaram do meu trabalho. Comecei a trabalhar como diretor de arte, tendo gente de grande valor como Fausto Aguiar, Antonio Falcão, Rachel Valdetaro Queiroz, Roberto Rosa e muitos outros que passaram pela Agência. Roicles me alugou uma pequena kitchenette pertinho da Agência e dava para ir a pé.
Por eu ser estrangeiro e ter que sair do país a cada três meses, ir até Buenos Aires e voltar foi feito um contrato de trabalho. Os dias que não trabalhava eram compensados com horas extras, trabalhando feriados, sábados e às vezes domingos. Assim se passou mais de um ano. Nesse tempo eu conheci Fátima Fraga e fomos morar juntos. Gonzalo estava deixando a sociedade que tinha com Amauri e Helena, na Agência Profissionais da Propaganda e nos procurou várias vezes para montar outra Agência de publicidade.
Foi assim que Gonzalo, Fátima e Angel criaram em 1981 a Publicitários Associados. Fátima alugou uma sala com telefone no Ed. Jusmar, com o dinheiro que tínhamos para pagar o aluguel do nosso apartamento. Não tínhamos móveis, Gonzalo entrou com uma mesa, um tablado e uma cadeira e eu levei uma prancheta de desenho e uma banqueta que tinha em casa, só isso, mais nada.
Gonzalo conseguiu um anúncio, pequeno, de pisos da Pianna para jornal A Gazeta.
A Fátima conseguiu o cliente Marcelo Abaurre, fizemos a logomarca e a programação visual com o famoso gato preto do Armazém. Um dia Fátima entrou na Agência muito feliz e jogando para o alto, todo o dinheiro que foi pago à vista. O dinheiro do primeiro aluguel estava garantido. Fátima Fraga logo saiu da sociedade.
A logomarca da Publicitários Associados era 3 bonecos de mãos dadas, representando a Fátima, Gonzalo e Angel. Com a saída de Fátima, a nossa logomarca foi alterada novamente passando se a chamar “Gonzalo & Angel / Publicitários Associados”, mais mantivemos os três bonecos.
O primeiro prêmio que ganhamos foi “ O Premio Colunistas” para a Região Sudeste. Apresentamos uma mala direta da própria Agência com o título “Se dizia médico e não era médico: tá preso! Se dizia publicitário e não era publicitário: tá ganhando dinheiro! O texto de Gonzalo e a ilustração feita por mim toda em nanquim. Era um lobo com uma mascara de cordeiro. Foi uma denúncia para as Agências de publicidade que existiam no mercado Capixaba na época.

Por nossa Agência passaram grandes publicitários que até hoje continuam no mercado. Era uma das mais criativas e dinâmicas no Espírito Santo. Atendemos-nos grandes contas como Irmãos Pianna, Sorvetes Luigi, Imobiliária Patrimônio, CIEC, Vimcap Imobiliária, Autovidros, Artepedra, Plumatur Turismo, Meaípe Imobiliária, Start–Processamentos de dados, Citur–Turismo, Centro da Praia Shopping, Clube Ítalo Brasileiro, Viação Alvorada, VSD, Elias Miguel, Lojas Armazém, APES – Associação das Agências de Propaganda do ES. CEAG, Comex e Cooperativa Agrária de Colatina.

Grandes campanhas de varejo para Pianna e Luigi, foram feitas, com todos os produtos desenhados à mão, ilustrações em nanquim, porque os clientes não queriam pagar fotos, achavam muito caro. Iniciávamos numa quinta-feira para entregar os anúncios de página inteira no sábado de manhã no jornal, virando noites sem dormir. Quantas vezes ficamos dentro dos fotolitos da Studioletra do Wagner ou no próprio fotolito de A Gazeta, vendo o sol nascer para fazer os fotolitos, mascaras, retículas para ficar prontos e poder sair publicado no jornal de domingo. E sempre dando conta do recado.
Fazíamos os outdoors, todos desenhados e produzidos dentro da Agência. As 32 folhas pintadas uma por uma. Teve uma campanha de outdoor da Luigi, que levou 19 cores diferentes e foram produzidos no total 20 outdoors, para a inauguração da loja do centro da cidade, na Rua Gama Rosa, antigo “Britz Bar” (famoso reduto da boemia capixaba, por muitos anos). Dia e noite trabalhando, preparando tintas e pintando. Era uma loucura, muito trabalho por pouco dinheiro, para poder manter o cliente satisfeito.
Muitas logomarcas e programações visuais foram criadas e até hoje estão no mercado como Autovidros e Plumatur.
Fomos também uma das Agências de Publicidade a criar a APES – Associação das Agências de Propaganda do Espírito Santo no ano de 1983, uma luta travada pelos profissionais da época como: Amauri Parreira, Takashi e Massaru Sugui , Roicles Mattos Coelho, George Bonfim, Wilson Lázaro, Fernando Manhães, Antonio Carlos Barbieri, e outros que não me recordo no momento.
Foram muitos anos de trabalho e aprendizado com Gonzalo. Após 5 anos exatos de sociedade, vendi a minha parte da Agência para ele.
Parti para abrir a minha própria Agência e montei a 3 Pontos Propaganda que esta no mercado desde 1986. No inicio fiz sociedade com Jorge Gomes Araujo e logo em seguida entrou em seu lugar a Fátima Fraga, minha esposa, até os dias atuais.
Desde seu início a 3 Pontos atendeu diversos clientes dentre os quais o Armazém, Prefeitura de Aracruz, Papelaria Moderna e Cordeiro, Atacadão Moderno, Center Color, Naval Consult, Presmart e Interport Serviços Marítimos, Projur e Sejur Serviços Jurídicos, GDL Consultoria Naval, Bitti Imóveis, Viação Águia Branca.
A partir de 1987, começamos a crescer atendendo clientes de varejo com 12 lojas da Moveline. Atendemos a Indústria de Móveis Movelar por mais de 5 anos. Criamos sua logomarca e fomos os pioneiros em fazer os catálogos de móveis no formato revistas que mais tarde todas as indústrias de móveis copiaram. Atendemos durante 3 anos a VSD de Valdomiro Santos Dadalto., as indústrias de móveis Rimo, Docelar, Divilar e Panan.
A maioria de nossos clientes era de Linhares. Viajávamos 2 ou 3 vezes por semana ou ficávamos em hotel para não ter que voltar para Vitória e poder atender todos os clientes da região.
Nosso mais antigo cliente é a Brazshipping Marítima, Agência marítima de importação e exportação ¬com mais de 20 anos no mercado, começamos com eles desde a criação da logomarca e o primeiro folder de formato A4 com 2 dobras e continuamos atendendo até hoje, com 20 filiais em todo Brasil e mudando o nome para LBH Group Brasil, com filiais em 20 países.
Por mais de 5 anos a trabalhamos com a Cimol e Moverama em Ferias de Móveis por todo o Brasil, introduzimos as estandes com pé alto e grandes mezaninos.
Ensinamos como fazer propaganda a nível nacional e para exportação. Acontece que a maioria das indústrias capixabas, uma vez que chegam ao topo de vendas ou crescem demais, começam renovando todo o parque industrial, ampliando as suas plantas industriais.
Desligam-se ou abandonam, de um dia para outro, suas Agências de propaganda sem dar uma satisfação, e partem para montar “houses” dentro das próprias indústrias, achando que estão economizando dinheiro e que podem continuar por inércia. Assim temos hoje várias indústrias em dificuldades o a caminho de ser mais uma no mercado, trabalhando no vermelho, por não aceitar o assessoramento e o trabalho de uma boa Agência de propaganda do Estado."


NB: Edgard Rangel Cabideli foi um dos brilhantes publicitários que ajudaram a formar esse marcado, exerceu diversas funções públicas, foi Secretário Estadual de Comunicação, passou pela CONAB, militou na política como fiel escudeiro de Gerson Camata, foi até proprietário de restaurante. Uma pessoa polêmica, mas de uma honestidade e sinceridade admiráveis. Cabideli não mandava recado. Quem não o conheceu perdeu uma grande oportunidade de se relacionar com uma boa pessoa.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

NOSSO COLIBRI

Por: Cacau Monjardim

Trouxemos da nossa experiência como jornalista que exerceu na mídia as mais diversas funções, uma verdadeira paixão pela propaganda, o que nos permitiu representar como redator durante anos a Revista Propaganda, à época uma bíblia dos publicitários do país.
Foi esta identidade que justificou a criação da Seta Propaganda, que ao lado da Eldorado Publicidade, foi responsável pela modernidade e pelos conceitos técnica impostos ao jovem mercado.
Com esta afinidade e com o respaldo de nossa passagem dinâmica pela mídia, em variados segmentos, chegamos pela primeira vez à elevada função de Secretário de Estado da Comunicação Social.
Em 1986, como Secretário, nos empenhamos para dar uma nova configuração ao relacionamento Governo-Mídia, introduzindo critérios abertos e profundamente profissionais a estrutura da comunicação oficial.
Nascia com determinação à idéia de criar um prêmio que pela sua importância para a criação e o desenvolvimento da publicidade capixaba, sustentasse o objetivo de emprestar ao processo de divulgação do Estado, nos segmentos públicos e privados, um ar de modernidade e, sobretudo, uma imagem que traduzisse o verdadeiro estágio de criatividade e competência de nossos profissionais.
Convidamos dois publicitários, que dirigiam com autoridade duas das principais agências daquela época e colocamos nas mãos da Associação que eles representavam a sugestão do prêmio “Colibri de Ouro” e a responsabilidade pela elaboração de um regulamento e dos critérios que deveriam presidir o evento. Nós garantimos a oficialização do prêmio em decreto do Governo e também a cobertura de todas as despesas necessárias à viabilização da importante iniciativa.
Passados tantos anos o prêmio considerado e respeitado pelo mercado nacional, ostenta o título de maior e mais tradicional prêmio da propaganda regional.
No entanto, apesar desta bagagem de sucesso, a atual direção da Sinapro/ES tentou mudar o “colibri”, chegando a sugerir uma nova composição artística para o aplaudido símbolo. Fomos contra e seremos, sempre, contra esta inoportuna e injustificável postura. Chegamos a manifestar a nossa opinião, afirmando que se fosse mudada a imagem e o porte artístico e profissional do “colibri” que o fizessem, trocando-o por um avestruz.
Prevaleceu o bom senso. Uma comissão indicada pela Sinapro resgatou a maioridade do prêmio, decretando a permanência do velho, arisco, suave, doce e brilhante “Colibri”, um orgulho dos publicitários capixabas.
Anuncia a Sinapro/ES que ele terá um parceiro, o “Colibri Nacional”, com vida e regulamento próprios. Torço para que o velho e o novo, cada um no seu segmento, sejam irmãos siameses, em termos de criatividade e bom senso.
J.C. Monjardim Cavalcanti é jornalista, ex- Secretario de Estado de Comunicação e Diretor da Fundação Jônice Tristão

NB: Alguém sabe explicar porque se mudar algo consolidado, de sucesso e respeitado como é o Prêmio Colibri?