segunda-feira, 31 de maio de 2010

CAMPANHA PARA A FEIRA DOS MUNICIPIOS

Na época o Governador era o Eurico Rezende.

Uma das boas campanhas publicitárias da época era por ocasião da divulgação da Feira dos Municípios. Tinha cartazes que eram distribuídos por todo o estado, volantes, radio, jornal, TV, e o escambau.

Nós fomos chamados para fazer a campanha, a Agência criou um cartaz que o mote era uma criança segurando uma bola de encher.

Uma das grandes dificuldades da época era quanto a MODELOS, pois não havia Agências de modelos locais,não tinha também a cultura de pagar cachês, portanto nós tínhamos que improvisar com amigos, parentes, etc.

Para essa campanha o Gonzalo, diretor de criação da Agência, solicitou ao Sagrilo, nessa altura já nosso fotografo oficial, que fizesse a foto com o meu filho Alexandre, loirinho, e que representava a figura da criança alemã, uma das comunidades de imigrantes que se instalaram aqui e ajudaram a colonizar nosso estado.

A foto foi feita e quando levada ao representante senhor que aprovava tudo, que era um parente do Eurico, não sei por que cargas d’água, ele levou a foto ao Governador, que imediatamente exigiu que usássemos uma neta sua.

A principio para nós tudo bem, pois não havia cachê mesmo, só que quando veio a foto da menina, feito pelo Sagrilo, ela era bangela e o resultado então não ficara bom, pois a criança era o símbolo da campanha e sua foto estaria em closed em todas as peças.

O Gonzalo, com o seu habitual mau humor, vetou a foto, e rebateu que com essa foto ele não finalizaria e nem autorizaria a fazer a campanha,

O Eurico por sua vez manteve a sua posição, e a campanha não foi realizada por nos, e sim por outra Agência, mas com outro mote, mas sem a netinha do governador.

Você vai conhecer a história de Elpídio Malaquias da Silva, o desenhista de propaganda, contada por Amauri.

AMAURI E CACAU MONJARDIM COM BONI

O Cacau Monjardim já era Secretário de Comunicação, mas nós não nos conhecíamos ainda.

Uma noite a gazeta convidou o a classe publicitária, os clientes em geral para uma Palestra do Jose Bonifácio Sobrinho, o Boni, (CONFIRMAR- se alguém souber mande comentário) que foi feita no auditório do Senac, na Beira Mar, para o lançamento da TV GAZETA.

Nesse dia, o Alvino Gatti não pode comparecer, diga-se de passagem, ele era avesso a qualquer tipo de solenidade, reunião, coquetel, e me solicitou que enviasse um bilhete para o Cacau,, Como eu não o conhecia, ele me descreveu a figura.do Cacau e lá fui eu com o bilhete no bolso para a tal entrega.

Quando cheguei a platéia já estava e a das personalidades já montada no palco do auditório e logo reconheci o Cacau.

Curioso que eu fiquei o tempo todo olhando para ele, esperando uma brecha para entregar o misterioso bilhete, que ate hoje não sabe do que se trata. E a reunião demorou tanto que o em determinado momento o Cacau chegou a cochilar.

Só consegui entregar o bilhete no final da palestra, quando o... saiu correndo, e depois eu soube que ele tinha vindo no jatinho particular da REDE GLOBO, e que tinha que partir imediatamente, talvez em virtude do horário de fechamento do aeroporto.

Depois dessa entrega do tal bilhete, nasceu uma amizade grande e sincera entre eu e Cacau, tanto que ele desafiando as diretrizes do Governo passou a nos solicitar uma seria peças publicitárias, culminando com uma campanha de pagina dupla de veja, que seria publicado com a foto do Roberto Carlos, que viria cantar em uma data especial e que era o ultimo ano do Governo Elcio.

Aconteceu naquele fatídico ano uma das maiores enchentes que colocou o Espírito Santo em estado de alerta, a vinda do Roberto Carlos cancelada, e consequentemente a campanha também, (seria o nosso primeiro anuncio em Veja, e pagina dupla colorida ainda por cima), com o Elcio Álvares, a essa altura já conhecedor e admirador do nosso trabalho, nos chamando ao Palácio, para discutirmos alguma estratégia para fazer em face dessa catástrofe, que inundou cidades, destruiu um pedaço da BR 101 no Norte, impedindo a passagem dos veículos, etc. etc.
Conversamos durante um bom tempo e chegamos à conclusão que o melhor no momento seria apenas colocar umas faixas nos caminhões que saiam diariamente de Vitória para abastecer as cidades que estavam embaixo d’água, com viveres, colchões, remédios, etc..
E segundo o Amauri, foi assim que ele conheceu o Cacau Monjardim.

A seguir Amauri relata saliências na praia com o Zé Ferfnando Osório

SR. EUGÊNIO QUEIRÓZ, UM VERDADEIRO CAMPEÃO

Em face da necessidade de aumentar seu faturamento os veículos criaram os chamados cadernos especiais, em datas comemorativas, e vendiam os espaços para anúncios, em sua maioria institucionais.

Paralelo a isso, as Agências também criavam seus anúncios em homenagem ou comemoração a determinadas datas, e na maioria das vezes os veículos os publicavam desde assinado em conjunto.

Uma vez nos soubemos que iria acontecer em Carapina um Campeonato de Tiro ao Pombo, que além da crueldade de abatê-los com tiro de cartucheiras, os organizadores arrancavam as penas da cauda dos pombos para que eles saíssem voando sem rumo.

Inconformados e revoltados com aquilo a Agência criou uma anuncio contrário aquela matança e lá fui eu acertar com o Sr. Eugenio Pacheco de Queiroz, no jornal A Gazeta para aprovar a publicação, com assinatura em conjunto da Agência e de A Gazeta.

O Sr. Eugenio, com aquela calma e tranqüilidade que eram peculiar me disse: “Meu filho, pode mandar o fotolito pra o Zé Gonçalves que eu vou autorizar a publicação, mas não coloque nossa assinatura, pois eu sou um dos participantes desse Campeonato.”

NB: Reparem a que ponto chegava a isenção do jornal naquela época, só uma criatura como o Sr. Eugênio para ter tanta sensibilidade.

A seguir: AMAURI, CACAU E BONI relatado por Amauri

STRADIVARIUS X BUZINA. - A PRIMEIRA BRIGA PÚBLICA

Naquela época, a notas em coluna eram muito usadas e os colunistas muito procurados e respeitados, Ter uma nota na coluna do Helio, do Luiz Eduardo, do Conde Bulau, do Marien Calixte, da Maria Nilce, era motivo de orgulho e satisfação.

Um dia sai na coluna uma nota elogiando a Eldorado e comparando-a com a DPZ, a famosa Agência paulista, do Olivetto, e considerada a melhor e mais criativa Agência de propaganda do Brasil.

Nós lemos aquela nota, claro não concordamos e enviamos uma carta para A Gazeta, discordando da nota e dizendo que comparar a ELDORADO COM A DPZ, era o mesmo que comparar um STRADIVARIUS com uma Buzina.

O Jornal claro, publicou e o clima então que já não era bom entre nós ficou ainda pior.

Amauri relembra do “Seu Eugênio”, a seguir

REUNIÃO COM A MULHER FORTE - D. MARIAZINHA LUCAS

Inconformados com o fato da Agencia Eldorado atender quase todas as contas governamentais, sem concorrência, nós fomos um dia, eu e o Gonzalo ao Palácio Anchieta, reclamar com a então chefe da Casa Civil Sra. Mariazinha Lucas, que nos recebeu. Ouviu e nos despachou em menos de 5 minutos. Como nós não éramos daqui, tanto eu como o Gonzalo, viemos de São Paulo e o Roicles, embora capixaba estava retornando do Rio de Janeiro, apenas um tempo, bem depois, soubemos que a Sra. Mariazinha Lucas era parente do um dos 3 socios da Eldorado, os outros eram o Xerxes Gusmão Neto e o José Roberto Prado Coelho, com quem nós não falávamos mas anos depois nos tornamos grandes amigos, inclusive o Xerxes foi meu sócio em outra agencia, a Divisão de Propaganda.

NB: Tanto o Xerxes quanto o José Roberto foram pessoas extremamente importantes no mercado e deixaram suas marcas na comunicação capixaba, ambos de uma inteligência incomum.
Eu tive o prazer de conhecer os dois e a grande honra de ter sido uma das “crias” do saudoso Xexéu. Embora os dois tenham sido chamados para campanhas em outro mundo, no decorrer da leitura vocês ainda ouvirão falar deles, e muito.

Bem, voltando às narraivas do Amauri vocês irão tomar conhecimento da que foi, certamente, o primeiro "arranca rabo" entre duas Agências de Vitória.

CONQUISTANDO A COMDUSA

A COMDUSA – Companhia de Desenvolvimento Urbano S.A., era uma importante empresa de desenvolvimento, órgão vinculado ao governo do estado, que realizou, dentre outras obras, o famoso Aterro da Comdusa, hoje uma das mais valorizadas e importantes áreas de Vitória, onde ficam os mais significativos prédios públicos e privados, Assembléia, Tribunal de Justica, Shopping Vitória, Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e também o da União, Capitania dos Portos, Hortomercado além de diversos e modernos prédios comerciais.

Pois bem, mas na época ninguém acreditava no potencial dessa área e era, acredite difícil a venda dos terrenos surgidos com o aterro.

Como órgão vinculado ao Governo do Estado, e assim como a maioria das demais contas quem atendia era a Eldorado Publicidade.

Através do Roicles Coelho eu fiz amizade com um dos grandes homens do Espírito Santo, o escritor e advogado Alvino Gatti, e ia quase todo dia visitá-lo na COMDUSA, onde ele era o Diretor Financeiro.

Um belo dia, o diretor geral à época, Paulo Monteiro estava como sempre furioso com alguma coisa, e lá foi o Alvino ver do que se tratava, Ele estava esbravejando pois o Governador de então, Élcio Álvares estava cobrando dele uma posição sobre as vendas dos Lotes do Aterro, e como a Eldorado estava sempre muito ocupada com as demais contas do Governo, não havia entregue a campanha.
Foi nesse momento que o Alvino Gatti disse que se ele autorizasse ele pediria para outra Agencia criar a campanha em tempo recorde, no que ele aprovou e ali mesmo eu apanhei o briefing( informações e necessidades do cliente) e no dia seguinte trouxemos uma campanha , que era uma serie de fotos acho que 12 ao todo, com testemunhais, fazendo a comparação do Aterro da COMDUSA, com o Aterro do Flamengo, uma vez que para o capixaba, o Rio de Janeiro era referência em tudo, na musica, no lazer e no futebol..
A campanha foi aprovada e nos fizemos as fotos com o Sagrilo, então um garoto ainda iniciando a bela carreira de fotógrafo de propaganda, para alegria do Alvino Gatti, pois Sagrilo já estava de namorico com a Pupa Gatti, sua filha.
Depois dessa campanha para a COMDUSA vieram outras, entre elas o lançamento da Praia do Sol, uma das maiores campanhas publicitárias da época, com 3 filmes de 35 mm, produzidos pela Diana Cinematográfica, de São Paulo, uma das grandes produtoras de comerciais, o lançamento das lanchas do aquaviário, a nova rodoviária e muito material institucional.

Na seqüência Amauri irá contar seu encontro com a outrora toda poderosa do governo a Dona Mariazinha Lucas

A CONTA DO CAFÉ CAFUSO

Seguindo a determinação de conquistar novas contas, fomos atrás da conta de publicidade do Café Cafuso.

Naquela época o bom era o fato de que propaganda era tratada pelos próprios donos das empresas. Por isso, após inúmeras tentativas nos fomos atendidos pelo Jônice Tristão, que nos recebeu com um gostoso cafezinho e nos solicitou que fizéssemos um jingle.
Nós então ponderamos que jingles eram feitos fora, e que ele não iria poder aquilatar realmente nossa capacidade de criação, mas ele insistiu e terminou dizendo – EU PAGO.
Animados com a determinação do Jônice nós solicitamos ao Jorginho Abicalil ( naquela época ele era o Papa dos jingles no Brasil), que além de ser um excelente criador, ainda por cima, tinha um estoque de material, que ele vendia para todo o Brasil, mudando apenas o nome do produto, adaptando aqui e ali,
Pois bem, como Vitória é perto do Rio de Janeiro, ele então mandou um sambinha muito gotoso, com a letra da estrofe principal mais ou menos assim: Cafuso é o café que a gente gosta,
Cafuso é café que eu vou tomar.
Cafezinho gostoso e delicioso,
Cafuso e o café que eu vou tomar.

Bem quando o jingle chegou, nós ligamos para a secretária do Jones para marcar uma reunião. E nada de conseguirmos.
Passou um tempo, e o Jorginho já querendo receber o trabalho e nos ainda não tínhamos conseguido mostrar ao Jonice,
Foi quando o Gonzalo teve a idéia de fazer um anuncio de 2 col x 10 cm, na Gazeta, manuscrito, dizendo assim:

JONICE, QUEREMOS FALAR COM VOCÊ, ASSINADO GONZALO E ROICLES.

Pois bem, no mesmo dia da publicação do anuncio, ele nos chamou, ouviu o jingle, mandou pagar e nunca veiculou como também nunca mais nos chamou ou atendeu.

Convém re-escrever esta história pois tudo começou pela minha iniciativa: do contato com o cliente à idéia de publicar o anúncio. Partiu de mim a iniciativa de fazer uma visita à Real Café onde o gerente era pessoa da minha área de relacionamento. Ao me despedir ele me perguntou se a Gonzalo & Roicles Propaganda estava participando de uma concorrência para promoção do Café Cafuso. Informei que nada sabia desta Campanha e ele me informou que ainda estava em tempo de enviar uma proposta desde que agilizasse o processo.
Criamos – Gonzalo e eu - uma Campanha bastante criativa e objetiva, como tudo que a Agência produzia, e entregamos a proposta dentro do prazo. Caberia a Jônice Tristão, presidente do Grupo Tristão, o julgamento da concorrência. O tempo passava e não tínhamos notícia do resultado pois não conseguíamos contato com o empresário, creditado e competente. Precisávamos de uma reunião para melhor apresentar e justificar nossa abordagem publicitária, o planejamento de mídia, o orçamento de produção e veiculação etc. Foi aí que numa tarde propus ao Gonzalo: “Por que não tomamos do mesmo remédio que receitamos para nossos clientes?”. Naturalmente ele não entendeu nada, ao que retruquei: “Por que não publicamos um anúncio dirigido ao próprio Jônice, solicitando uma reunião?”.
Veiculamos então um pequeno anúncio em que o título era: “Jônice: queremos falar com você” e mais as assinaturas: Gonzalo e Roicles. Detalhe: o nome Jônice estava escrito com a tipologia do Café Cafuso de forma a melhor sensibilizá-lo. O empresário recebeu vários telefonemas – alguns até as 22 horas: vários de seus amigos, ao verem o anúncio, pensaram que se tratava de estratégia de lançamento de um novo produto da Real Café. O fato é que, dois dias depois da veiculação estávamos, eu e Gonzalo, em reunião com Jônice, em seu escritório no Palácio do Café, na Praça Costa Pereira, degustando o saboroso Café Cafuso junto ao titular da Real Café. O ineditismo do anúncio e a ousadia dos publicitários deram um senhor resultado.

NB: Bom com as histórias acima restou esclarecer se a Agência conquistou ou não a conta. Eu fiquei meio “cafuso” porque as duas versões terminaram de forma diferente e eu não sei como acabou.

A CONTA DA TRANPORTADORA COLATINENSE

Como toda Agência nova no mercado, tínhamos que buscar contas e uma delas foi a Transportadora Colatinense.

Na época a empresa era dirigida pelo Aldenor Castelluber que, depois de certo tempo e insistência nossa resolveu nos atender. Marcou um dia pela manha,por volta de 8.00.

No horário marcado chegamos, eu e o Gonzalo, nos apresentamos a recepcionista e ficamos sentamos em um grande sofá na recepção aguardando ser chamado.
Passa o tempo, um grande entra e sai de funcionários, tomamos água, café e nada de ser chamados

Chega o horário do almoço a recepcionista vai embora e ficamos apenas nós dois,
Ai, esperamos mais um pouco e nada, enfim, de saco cheio, o Gonzalo escreveu no verso do cartão de visita alguma coisa mais ou menos assim: ” até ela cansou de esperar” e colocamos nas mãos de uma estátua do tamanho natural de uma mulher que adornava a recepção.

No mesmo dia, pela tarde, o próprio Aldenor nos telefonou pedindo desculpas, deu algumas risadas e marcou para o dia seguinte. Ao chegar, fomos prontamente atendidos e acabou que conquistamos a conta que atendemos por muitos anos.

NB: Quem conhece o Gonzalo, um espanhol de um imenso talento criativo, um baita profissional mas com um pavio curtísimo, ou melhor, sem pavio nenhum, entenderá sua atitude em deixar um bilhete.

A seguir: a conquista da conta do Café Cafuso contada pelo Amauri.

REMINISCÊNCIAS DO QUOTIDIANO da Propaganda Capixaba

Em 1974, em uma viagem a passeio, convidado pelo Gonzalo Esteban, meu amigo de longa data, com quem já havia trabalhado junto em uma Agencia de Propaganda em São Paulo, na década de 60, chamada Headline Propaganda.
De cara eu fiquei fascinado pelo Espírito Santo, principalmente pela região de Domingos Martins. Daí a me desfazer de tudo que tinha lá em São Paulo e me transferir para cá não demorou 6 meses.
A minha vida publicitária, aqui no Estado se resume a duas Agencias. A Primeira a Gonzalo & Roicles Propaganda, que com o seu desenvolvimento e chegada de mais profissionais logo mudou o nome para PROFISSIONAIS DE PROPAGANDA, que deixou uma marca registrada em criatividade no cenário da época..
Logo em seguida cada um dos sócios saiu em carreira solo, e eu juntamente com um dos nossos colaboradores o bom baiano Mario Peixoto fundamos a
DIVISAO DE PROPAGANDA na década de 80.

A bem da verdade: Saí da Gonzalo & Roicles Propaganda para pouco depois fundar a Propaganda Objetiva Ltda. Desta forma, respeitei um convênio assinado entre os sócios que estabelecia que “Em caso de dissolução da sociedade, nenhum dos sócios poderia utilizar seu nome numa nova Agência”. Entretanto a denominação Gonzalo & Roicles Propaganda continuou a ser mantida ainda por dez meses após meu desligamento da sociedade pois significava credibilidade e rendia novos clientes no mercado. Só depois deste tempo é que a Agência anterior mudou o nome para Profissionais de Propaganda.
Isto ocorria, inclusive, porque enquanto os sócios se retiravam para o lazer em seus sítios na zona serrana nos fins de semana, eu ficava em Vitória me fazendo presente nos eventos econômicos, sociais e culturais, além de fazer contatos com empresários, jornalistas, artistas, profissionais liberais e outros formadores de opinião.
Em 1975 só existiam 5 Agências de Propaganda, e tudo era feito com muito trabalho, dificuldade e no modo mais artesanal possível.

O Gonzalo e o Roicles tinham acabado de se instalar em uma boa casa, na Cidade Alta, na Rua Alzira Viana, depois de terem tocado a “Agência” por algum período nos bancos da Praça Costa Pereira, no centro de Vitória.

A história não é bem assim, a versão correta é que certa vez, bem nos primórdios da Agência, depois de uma reunião com Gilberto Pacheco, titular da Direção Empreendimentos Imobiliários, saímos - eu e Gonzalo Bregon Esteban – a caminho da (Gonzalo & Roicles Propaganda e decidimos sentar num banco da praça Costa Pereira, que ficava no trajeto, apenas para arejar um pouco a cabeça. Ali mesmo, em poucos minutos, criamos uma nova campanha para a construtora. De repente, Gonzalo se levanta, me chamando e dizendo: “vamos sair já daqui – se o cliente nos encontra neste banco de praça vai pensar que é muito fácil fazer propaganda.”
Como começava a aumentar a demanda pelos serviços, me convidaram para participar como sócio, para cuidar da parte administrativa e também do Atendimento.


Nessa época eu morava no Sitio em Vitor Hugo, mas vinha toda semana trabalhar na Agência, que se chamava Gonzalo& Roicles Propaganda Ltda, decidiram por este nome porque os dois já eram conhecidos do mercado por trabalharem na Meta Propaganda, do José Fernando Osório e a divulgação da Agencia ficaria mais fácil.

“Na verdade, a escolha do nome da Agência foi por outro motivo: tanto Gonzalo como eu sabíamos que tínhamos trazido para o Espírito Santo um processo totalmente inovador e diferenciado na área da Propaganda, o que em pouco tempo nos consagrou no mercado. Para os anunciantes perceberem que tais profissionais estavam dirigindo sua própria Agência, preenchendo uma lacuna no mercado, nada melhor que utilizar os seus próprios nomes, representando credibilidade para a nova empresa de Comunicação.”
Ainda tem muitas histórias do Amauri a serem postadas, o que farei ao longo do dia de hoje, espero.
Leiam a seguir e descubram como ele conseguiu conquistar importantes contas no mercado. Um dos alvos era a Transportadora Colatinense.

terça-feira, 25 de maio de 2010

AS VOLTAS QUE UMA PUBLICITÁRIA DÁ . . .

Em 1976, eu, Stelamagda Coser, então caloura do recém criado Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), fui incentivada pelo amigo e colega de turma, José Irmo Gonring, a procurar a agência de publicidade Uniarte, sob a coordenação de Álvaro Soares Nazareth. Motivo: ele estava querendo um profissional de Mídia para a sua agência. Sem saber a prática da profissão, mas, expert na teoria, graças aos professores acadêmicos e, principalmente, aos livros de pesquisa, avidamente consultados, convivi, diariamente, com publicitários de “peso”, que faziam parte da equipe funcional da empresa, os quais me ofereceram os subsídios para a profissão que abracei até meados de 1997, quando me desliguei deste ramo profissional. Um dos mais queridos: José Valdir Teles (com V e um L só) ao qual me agarrei (no bom sentido) com unhas e dentes, para aprender tudo, se possível, dentro de uma agência de publicidade. José Valdir, paulista, egresso de várias agências e gráficas famosas, não media o vocabulário farto de palavrões. No dia a dia,procurava amaciá-lo com vários pedidos de desculpas. No término de cada expediente, perdia-se a conta dos mesmos. Finalmente, de comum acordo, decidimos considerar que o seu linguajar era a “cara” dele e que dispensava pedido formal de desculpas. A partir daí, deixei de ficar ruborizada e meu querido José Valdir ficou muito mais à vontade, com seus @”#**! Para bom entendedor, um pingo é letra!
A Uniarte foi uma verdadeira escola de publicidade para mim. E desta agência guardo recordações geniais. Álvaro, além de sócio administrativo, era, entre outras funções, contato publicitário. Segundo ele, também por ser revisor, nenhuma peça publicitária sairia da empresa sem uma revisão criteriosa. Pois bem: certa vez, em um anúncio imobiliário para o cliente Direção Empreendimentos Imobiliários Ltda, Dino Gracio, diretor de criação (baiano importado de Brasília), José Valdir (diretor de produção) e com a anuência dos demais funcionários, colaram um croqui de um vaso sanitário no centro de uma área decorada como “sala de visitas”, no layout que seria apresentado ao cliente, por Álvaro, para aprovação. E ele só se deu conta do fato quando estava saindo e Dino o avisou. Que belo revisor, Álvaro!
O meu “batismo” como profissional de Mídia, dentro da Uniarte, aconteceu após a aprovação de um plano de mídia para o cliente Deleite, referente ao lançamento de uma linha de iogurtes no mercado mineiro, principalmente na região metropolitana de Belo Horizonte e no município de Juiz de Fora e áreas circunvizinhas. Nunca estudei tanto a programação da Rede Globo, seção Minas Gerais, como naquela ocasião. Sabia de cor e salteado os índices de audiência de todos os programas selecionados, uma cortesia da própria Rede Globo. E eis que no dia do lançamento da campanha em toda a região de Juiz de Fora, a emissora de TV, afiliada da Rede Globo, ficou fora do ar, em quase todo o período acobertado pelos programas selecionados. E isso só foi comunicado dias depois, para a compensação dos comerciais não exibidos. Por isso, reforço que, naquela época, ser Mídia era 1% de criação e 99% de transpiração! O mais puro sufoco! Porque não existiam ainda no Espírito Santo mecanismos de controle e aferição dos comerciais e spots veiculados nos meios de comunicação de massa. O que realmente valia era a máxima: “ver para crer”.
A Uniarte também foi o berço da Quatro Com Agência de Propaganda Ltda, da qual fui sócia, no período compreendido entre os anos de 1980 a 1997, quando foi consolidada a baixa da empresa.
A partir de 1982, com o desligamento de Dino Gracio da sociedade da Quatro Com, Belmiro Perini Jr e eu, os sócios restantes, decidimos conversar com a clientela da agência sobre o possível encerramento de suas atividades comerciais, pois, não acreditávamos na possibilidade de sua continuidade frente ao mercado publicitário. Nossa decisão precisou ser revista diante do incentivo do Sr Wilton Santos Strauch, sócio administrativo da Strauch Cia Ltda que, de forma bastante decidida, comunicou o seu desejo de continuar sendo atendido, publicitariamente, pela Quatro Com. Diante desse novo alento, a Quatro Com se transformou na House Agency da Strauch, com plenos poderes em toda a sua publicidade. Durante os demais l5 anos, Belmiro e eu, estivemos dedicados aos anúncios e comerciais de TV requisitados, principalmente através de verbas cooperativas. Não é exagero dizer que a publicidade da Strauch fez escola no mercado capixaba. Tivemos seguidores. Desde os anúncios com página roubada (1/2 página invertida) até às páginas centrais, veiculados no jornal A Gazeta. Quase sempre, nas melhores (e mais caras) páginas deste veículo, o que gerava ciúmes entre as demais empresas de varejo, também anunciantes. Reza a lenda de que o motivo seria a preferência “declarada” do Sr José Gonçalves (chefe do setor comercial de A Gazeta) pelos anúncios da Strauch, com artes finais perfeitas. Seja qual for o verdadeiro motivo, pela consideração, o nosso obrigado!
Apesar de responder por toda a parte gerencial da Quatro Com, das atividades junto à Strauch, encontrei tempo para assessorar outras agências de publicidade locais, entre elas, a Gonzalo & Angel Publicitários Associados ( que mais tarde se chamou Publicitários Associados) e a Propaganda Objetiva Ltda. Em cada uma deixei grandes amigos e inúmeras lembranças. Na agência de Gonzalo tive contato, pela primeira vez, com a publicidade versátil desenvolvida para o Grupo Pianna. Até hoje ainda me lembro do publicitário Bento Peixoto vestido de “casinha”, pronto para gravar um comercial promocional dessa empresa. A segunda vez foi na Propaganda Objetiva, quando realmente “vivi” a verba publicitária da Pianna. Lá, tive o prazer de conhecer de perto uma “piranha”, que, no bom sentido da palavra, refere-se a um equipamento rural.
De todas as grandes emoções vividas enquanto ainda era responsável pela publicidade da Strauch, a maior delas, garanto eu, foi assistir, ao vivo e em cores, o corte, no ar, feito com uma tesoura, durante o intervalo comercial do Jornal Nacional, de um VT promocional da loja, no qual havia um produto CCE (auto rádio toca-fitas) com o preço errado. Obrigada, Bira, esteja onde estiver.
Aos novatos: ser Mídia antes do advento do computador era pura emoção. A cada campanha, a gente tinha de ficar com os olhos e ouvidos colados junto aos aparelhos de rádio e TV, para ter certeza da veiculação dos comerciais programados. Até receber telefonema de cliente, no domingo à noite após o 1º intervalo do programa Fantástico, devido a erro de inserção de comercial, podia! E você tinha que resolver o problema no ato, pois os produtos comprados para aquela campanha precisavam ser vendidos rapidamente, já que eram televisores e estava próxima uma Copa do Mundo! Não é Wilton?
O início da transmissão de sinal da TV Gazeta-Canal 4, afiliada da Rede Globo, foi um marco no mercado publicitário capixaba. O 1º comercial levado ao ar, se não me falha a memória, foi um slide com uma coruja, logo apelidada de “Alexandre”, seu criador, que era a marca da Caderneta de Poupança Tamoio. Esse comercial foi inserido em todos os intervalos da programação, no dia do lançamento da emissora. Com ele, também foram veiculados slide de uma barata (loja “Baratão dos Tecidos”) e também o de um genro com um bastão correndo atrás da sogra (loja “A Casa da Sogra”). Na época, a TV Gazeta não dispunha de recursos próprios para a produção apurada de seus comerciais, o que permitia a veiculação de aberrações, sob o ponto de vista estético, sem falar sob a ótica criativa.
Assisti também toda a transformação, para melhor, da mídia jornal capixaba. Do Jornal da Cidade, sob a coordenação da saudosa Maria Nilce, até o lançamento da policromia nos jornais A Gazeta e A Tribuna.
Finalizando: vivenciei a publicidade capixaba por todos os poros. Fiz amigos em agências e em veículos de comunicação de massa. Espero não ter faltado com o respeito e a amizade com quem cruzou o meu caminho, nessa longa jornada. A todos, o meu grande carinho!

NB: Essa foi a memória de Stelamagda Coser, uma das pessoas mais agradáveis com quem tive o prazer de trabalhar na Uniarte em 1978. Sempre atenciosa e carinhosa com todos a Stela era igual aquela música de Papai Noel onde diz que "ele não se esuqece de ninguém", pois, assim era ela na Agência, não havia uma Páscoa em que ela não desse a cada dos colegas um ovo. Stela realmente era querida por todos.

HISTÓRIAS DO MILSON HENRIQUES

Trabalhei em Agência de Publicidade no Rio de Janeiro no final dos anos 50 e em Salvador em 1963. Em 64, por conta da Revolução Militar, quis ir para o Uruguai e, sem dinheiro, vim “descendo” de ônibus. Em Vitória a grana acabou, tinha de trabalhar para conseguir continuar. A coisa mais próxima de uma Agência aqui era uma fábrica de flâmulas, a Nick Propaganda que também pintava painéis de beira de estrada e letreiros para tapumes. Embora pagasse pouco, foi a salvação. Desenhava a maquete de um edifício – se não me engano o Kennedy, em frente ao Penedo – fui visto por Cariê Lindenberg que perguntou se eu queria ser artefinalista de uma Agência, que, com alguns companheiros estava começando a criar, a Eldorado Publicidade, que trabalhava principalmente para a Eldorado Melhoramentos. Topei na hora! Estava pensando em fugir, prosseguir viagem de carona, já estava devendo dois meses para a Pensão São Jorge... A Eldorado foi realmente o meu Eldorado, a salvação que me fez ficar nesta terra que agora é minha.
Cariê, Gilberto Pacheco, José Roberto Prado, Oswaldo Oleari, Janc – meu chefe direto... Através dessas pessoas conheci Carmélia, Toninho Neves, Cláudio Lachinni, Xerxes Gusmão, Marien Calixte... e alguns funcionários da firma, um rapaz carioca chamado Alencar que nunca mais vi, um garoto muito inteligente, “boy” da firma, o Ivan, filho do jornalista Barbirato, a secretária Marluce, filha de Gabino Rios... tudo acho, que no último andar do Edifício Banco Mineiro da Produção, atrás do Teatro Glória.
A primeira campanha que desenhei foi para o Atalaia Yate Club em Guarapari. Depois nos mudamos para o Parque Moscoso, e lá, já com um cliente de peso, Chocolates Garoto, estavam também Olívio Cabral, os desenhistas Gilson Lourenço, Coutinho, Wilde... bem, tudo isso é muito vago, posso ter errado alguma coisa, esquecido algum nome, afinal, já se vão mais de 40 anos... acho que no Parque Moscoso Cariê e Gilberto não estvam mais, era só o José Roberto e Oleari, não lembro direito. Também não lembro o ano nem o motivo de minha saída, mas creio que comecei a trabalhar em jornal, no Serviço de Turismo, na Fundação Cultural, no Teatro Carlos Gomes, era tudo ao mesmo tempo, era muita coisa...
Tembém não lembro o ano (acho que 1975), mas quando o Marcos Alencar e Humberto Musso fundaram a Uniarte, na cidade alta, lá estava eu voltando a trabalar em Agência. Também não lembro a causa da saída, só sei que não foi com inimizade, em nenhuma das duas. A última Agência que trabalhei, também inaugurando com muito orgulho, foi a H.D., de Hélio Dórea. Essa mais recente (?) creio que em 1996 e só sai ao ser convidado para ser Diretor do Teatro Muncipal de Vila Velha. Hélio, bom amigo compreendeu minhas razões.
Eis as minhas confusas e saudosas experiências com as Agências de Publicidade de Vitória.
Maior alegria? Quando fiz o desenho para o lançamento de uma caixa de bombom da Garoto.
Maior tristeza? Não lembro, acho que não tem. Só muitas saudades...
Milson Heriques

MEMÓRIAS DO JANC


Ser pioneiro ou ter uma grande idéia faz qualquer ser humano feliz. E eu sou. Afinal, trabalhando em A Gazeta, fui o primeiro diagramador e desenhistas de charges diárias da Imprensa capixaba. Mas o que me orgulha mesmo é a iniciativa que eu tive certa vez e que promoveu uma mudança radical na publicidade do Espírito Santo.

A minha formação profissional foi no Rio de Janeiro, onde trabalhei de 1956 a 1962. Fui desenhista da Rio Gráfica Editora - hoje Editora Globo - e, paralelamente, durante um bom tempo, trabalhei no Departamento de Artes de Publicidade do jornal O Globo.
A minha presença em O Globo foi solicitada pelo Doutor Roberto Marinho ao meu chefe, já que ele queria que um desenhista da Rio Gráfica se aprimorasse em publicidade para melhorar a divulgação das revistas da editora. E fui o escolhido porque, entre os meus colegas, eu tinha mais jeito para a coisa.
Então a minha vida profissional neste período ficou assim: de manha eu ia pro O Globo e à tarde para a Rio Gráfica, lá na rua Itaperu, 1209. Aproveitei bem o estágio porque aprendi muita coisa sobre publicidade, coisas que anos depois seriam de muita utilidade para mim.

Em 1965 eu trabalhava à noite em A Gazeta e de dia na Eldorado Melhoramentos como responsável pela feitura dos anúncios dos edifícios lançados pela empresa. Quem me levou para a Eldorado foi o Cariê. Achava muito estranho que quase todos os jornalistas que trabalhavam em A Gazeta eram uma mistura de repórteres/redatores e agenciadores de anúncios. Afinal, eu havia sido profissionalizado num ambiente em que jornalista era jornalista e agenciador de anúncios era agenciador de anúncios. Percebi, então, que isto acontecia porque por aqui não havia nenhuma agência de propaganda. E quando descobri que no papel de carta da Eldorado Melhoramentos tinha relacionado em letras miudinhas a “propaganda” entre as suas diversas atividades - mas que não existia na prática - tive a idéia de tornar real aquele item e para concretiza-la procurei o principal executivo da empresa, o Cariê, sugerindo que fosse criada uma agência de publicidade. Ele achou interessante a idéia e aprovou.

Mas o que precisava para montar um agência de publicidade? Bom, pelos meus conhecimentos da época, expliquei: ”Um desenhista, que sou eu, um redator e um contato e a parte administrativa da empresa”. E fui logo indicando: “A Gazeta tem um rapaz que escreve uma coluna muito criativa e eu tenho certeza que ele dá para o negócio”. Falava sobre o então jovem Oswaldo Oleari e fui incumbido de convida-lo para a empreitada. Agora tínhamos um desenhista e um redator e só estava faltando o homem do contato. Aí foi a vez do Oleari indicar um amigo dele, que havia trabalhado na Rádio Capixaba e que estava meio sumido porque a Revolução não o via com bons olhos. Era o José Roberto Prado Coelho. O trio necessário para tocar a Eldorado Publicidade estava formado e agora só faltava registra-la. Eu me lembro que ficou combinado assim: eu, Oleari e Zé Roberto teríamos uma retirada mensal e, paulatinamente, iríamos integralizar o nosso capital na empresa, enquanto os outros sócios - Cariê, Dr. Armando Rabelo, Gilberto Pacheco da Costa e Jorge de Souza - não teriam direito a retiradas mensais.

Nos instalamos numa sala no quarto andar do Edifício Banco Mineiro e começamos a mudar a história da publicidade no Espírito Santo. Os primeiros trabalhos foram para a empresa-mãe, a Eldorado Melhoramentos. Divulgamos os lançamentos do Atalaia Iate Clube de Guarapari, edifícios Eurico Sales, Martinho de Freitas, entre outros empreendimentos imobiliários. Um dos trabalhos mais importantes que fiz foi o de editar uma revista sobre o lançamento da nova sede do Clube Vitória, o chic da época. Este trabalho foi importante porque a minha parceira nele foi a Carmélia M. de Souza - a eterna cronista de Vitória - responsável pelos textos da publicação.

Em poucos tempos já tínhamos algumas contas importantes, como Marcovam (loja de material de construção) e Frigorífico Frincasa. Mas, continuávamos com um problema. Os corretores de anúncios, que a gente chamava de “picareta”, continuavam assediando os nossos clientes que as vezes eram obrigados a destinar uma verbinha para publicações em algum suplemento especial, principalmente os de Natal. Então, sugeri fazermos um quadro de uns 40 x 40 cm, com seguinte advertência, em letras bem grandes: “A conta publicitária desta empresa está entregue à Eldorado Publicidade”. Este quadro ficava bem visível na sala de espera do principal diretor da empresa e surtiu efeito porque o assédio dos “picaretas” diminuiu bastante...

Eu já não conseguia dar conta sozinho de todo o serviço. Foi quando descobri que tinha um desenhista trabalhando numa empresa de confecção de placas que era uma fera no desenho. Certa noite, - eu me lembro bem - , ao sair da redação de A Gazeta, no ponto de ônibus que ficava em frente a escadaria do Palácio Anchieta, encontrei com a fera e o convidei para trabalhar com a gente. Foi assim que o Milson Henriques entrou para a Eldorado Publicidade, que foi a porta para ele trilhar o caminho do sucesso, tornando-se o multimídia mais respeitado no Espírito Santo.

Mais tarde, precisando de um jovem para fazer serviços de office-boy, colocamos o seguinte anúncio em A Gazeta: “ Precisamos de um jovem de até 15 anos que tenha pendores artísticos para pequenos serviços em agência de publicidade.” Entre os muitos meninos que apareceram , surgiu um magricela que me chamou atenção e foi selecionado. Este menino é hoje o desenhista Coutinho, muito conhecido no meio publicitário capixaba. Depois do Coutinho, foram meus parceiros na Eldorado os desenhistas Gilson Lourenço e Wilde.

Naquela época, a Garoto já era uma empresa de renome nacional. Mas a sua publicidade não era do nível de seus produtos. Aí, o Zé Roberto iniciou contatos com a empresa, mais precisamente com Helmut Meyerfreund. Preparamos um material para convencermos o senhor Helmut a nos entregar a conta de sua empresa. Bolamos um cartaz que foi feito a seis mãos: eu fiz o layout e a arte final dos bonecos, o Milson desenhou os bombons e o Gilson desenhou as letras. O Zé Roberto levou o material para o senhor Hemult examinar, ele aprovou e foi assim que a Eldorado passou para a história como primeira empresa de publicidade a ter a conta da Chocolates Garoto.

É claro que, com o nascimento e crescimento da Eldorado, quem quisesse trabalhar no ramo teria que se organizar e por isso os “picaretas” foram sumindo do mercado e em seus lugares surgiram outras empresas de publicidade, como a Meta e a Seta, que por sua vez deram lugares a tantas e tantas outras empresas importantes, que hoje colocam o Espírito Santo na primeira .linha da propaganda brasileira.

Bom, como eu sempre fui mais artista do que empresário, deixei a Eldorado. Lá ficaram Oleari e o inesquecível Zé Roberto, dois profissionais do mais alto nível e que contribuiram bastante para o crescimento da publicidade séria no Espírito Santo.

Depois que sai da Eldorado cheguei a montar uma nova agência, a Scala, com o saudoso Olívio Cabral e o desenhista Dino Gracio (na foto com Janc, acima). Mas, em 1976 apareceu a Copa A Gazetinha em minha vida e... Bom, aí começou outra história de pioneirismo.

JOSÉ ANTÔNIO NUNES DO COUTO - JANC

NB: O JANC nos mandou anúncios e cartazes que fez em sua militância na Eldorado que são verdadeiros tesouros e estarão no livro.

ANOTAÇÕES DO OLEARI - parte 2

Foi outra porrada: a Eldorado emplacara uma campanha de lançamento de um empreendimento do grupo Tristão, poderoso e que poderia, sem qualquer sombra de dúvida, ter contratado uma agência nacional de renome.
Empresas de famílias quatrocentonas da velha sede da Capitania do ES, que jamais haviam tratado com agências profissionais começaram a nos solicitar.
O empresário Vitor Larica, de família tradicional, foi um dos. Queria um estudo para vender sua empresa de móveis de escritório. O Janc partiu e ganhou o Vitor com a criação do logotipo da empresa, que sobreviveu enquanto a empresa existiu.
Ah, você ser chamado pela tradicional casa Orlando Guimarães foi qualquer coisa de notável. O grupo, centrado na figura sóbria, discreta e célebre de Orlando Guimarães, jamais trabalhara sua imagem, mantendo, de certa forma, aquele distanciamento do seu público. Além de seu Orlando, Itamar Guimarães Pereira de Souza e Antonio de Oliveira Santos eram nomes do topo da empresa. Seu Orlando, nessa época, era o maior acionista privado da Cia. Telefônica do Espírito Santo.
“Eles querem que façamos um estudo para eles”, veio dizendo o José Roberto Prado Coelho. Janc e eu sentamos e ele começou a desfilar argumentos que, achava, poderíamos alinhavar nesse estudo, com base em tudo o que sabíamos sobre os negócios da empresa Orlando Guimarães. Janc foi exato nas suas definições e me disse claramente: “acho que se você conseguir traduzir esta nossa conversa e transpor pro papel, a gente pelo menos não vai se envergonhar”.
Parti pra máquina e deixei cair. Sem revisão, levei o texto ao Janc: “toma aí, foi o que consegui”. E fui ao um café. Ao voltar, encarei o Janc, temeroso do que ele poderia dizer. Ele disse:
- É um tratado. Podemos ir em frente...
Fomos. O Antonio Oliveira Santos – celebridade do alto mundo social de Vitória que chamávamos Dr. Antonio de Oliveira Santos – recebeu nosso estudo e foi o primeiro ao lê-lo, diante do Janc, do Zé Roberto e do Oleari.
- É uma peça, disse Dr. Antonio. Vamos conversar.
Tava no papo mais uma conta de empresa tradicionalíssima que até então só participava de mensagens especiais de cadernos de natal e outros hábitos “mercadológicos” da época.
E assim, debaixo de contínua pressão dos “donos” do mercado publicitário, corretores isolados especialistas em “cadernos especiais”, que nos secaram pra caralho, a Eldorado Publicidade foi se firmando no mercado.
As mídias predominantes eram os jornais e o rádio. O rádio de ondas médias, como se dizia, mais tarde rádio AM – de amplitude modulada.
Uma nova loja de material de construção, filial do Rio de Janeiro, a Marcovan, nos solicitou. Fizemos todo o seu lançamento.
Como em Vitória, o estúdio de gravação disponível era o da Rádio Espírito Santo, de baixíssima qualidade final, defini que ou iríamos produzir nossos gravados – geralmente spots e um locutor só ou de uma dupla, masculino e feminino – no Rio ou em São Paulo...ou em Colatina, minha terra.
Os parceiros se espantaram. Se em Vitória é ruim, imagine em Colatina. Provei que não. A Rádio Difusora de Colatina, comandada pelo competente empreendedor Geraldo Pereira, tinha um estúdio muito bem montado e oferecia ótimos resultados técnicos.
Lá gravei alguns dos nossos melhores e mais célebres spots – Marcovan, Orlando Guimarães, Eldorado Melhoramentos – com locutores do nível de Oridizi Aguiar, Maria José, entre outros.
Aqui, me perguntavam: “você gravou no Rio ou em São Paulo?” Respondia orgulhosamente, nenhum nem outro e apontava a ótima qualidade do estúdio do Geraldo Pereira, em Colatina.
A agência cresceu, apesar de todo o esforço da “oposição” estabelecida. Fez história.
No final de 1970, estava saturado de toda aquela pressão, muito trabalho para conseguirmos nos manter de pé, resolvi sair pra outra. Rio ou São Paulo, qualquer coisa que não fosse Vitória.
Com saídas da agência, eu ficara com 75% e José Roberto com 25%. Janc havia saído para outra. O governo do estado acabava de ganhar um novo gerente biônico, o Tuzoca – Arthur Carlos Gerhardt Santos, o primeiro presidente da Codes-Cred, futuro Bandes – que dera curso as idéias de Christiano Dias Lopes Filho para desenvolver o estado.
Diante da minha intenção de sair, surgiu Leo Becher, cunhado de Tuzoca, amicíssimo de José Roberto Prado Coelho. Nas conversações, fomos acertando e era empregado da agência Xerxes Gusmão Neto, a quem sugeri certo dia:
- Por que você não entra com o Zé Roberto e o Leo?
Xerxes me respondeu:
- Mas eu não tenho dinheiro...
Retruquei:
Mas não precisa dinheiro, estou saindo sem dinheiro, eles vão pagar algumas coisas pra mim, parcela de carro, essas coisas...
Xerxes entrou como sócio da Eldorado Publicidade, que seguiu seu curso.
Fui. Na minha escolha, deu São Paulo, onde tinha amigos – o Renato Viana Soares, o Claudio Antonio Lachini – e por lá fiquei até 1975 e mais de meio.
Fui.
E assim terminamos de postar as lembranças do tempo em que Osvaldo Oleari militou na publicidade capixaba.

A CONTA DA REALCAFÉ

O empresário Jônice Tristão preparava-se para lançar sua empresa de café solúvel. A Eldorado Publicidade foi chamada para uma conversa, concretizada com a solicitação de um planejamento para o lançamento da nova empresa e marca.
Nascia a Realcafé Solúvel do Brasil.
Concentrei-me na criação da campanha propriamente junto com o Janc, enquanto Gilberto Pacheco da Costa monitorava as ações inerentes ao evento de partida da Realcafé, realizado no à época muito requisitado salão do Hotel Canaã, ao lado do Theatro Carlos Gomes, na velha praça Costa Pereira.
Fui com gana para esse trabalho de criação. Vencida a primeira etapa, leialtada, pré-planejamento sobre veículos e verbas, reunimos o núcleo da agência que decidia e operava com o Cariê e o Gilberto Pacheco. Era um teste duro: uma correção aqui, outra ali, ambos aprovaram a proposta inicial.
Organizamos tudo e fomos para a reunião com o empresário Jônice Tristão e seu staff, como se dizia na época. Eu, naturalmente com o meu na mão porque basicamente a ideologia e a lógica da campanha tinham sido paridas por mim.
Seguramos o fôlego. E esperamos. Os olhos de Jônice e de seus diretores vazavam por leiautis e textos. Digo até que “fiuravam” mesmo. A reunião, “interminável”, chegou ao ponto. Seríamos fulminados pelo exigente Jônice, atento, minucioso? Ou...
Ou... Seríamos “aprovado com louvor”, como ocorreu e foi a própria carta de alforria para a equipe da Eldorado, e particularmente para o redator encarregado do “parto”, inicialmente muito sofrido e afinal recompensado, pois “o filho era bonito”, bem expresso graficamente pelo Janc.

A seguir vamos à segunda parte das memórias do Oleari.

sábado, 22 de maio de 2010

O GRUPO JOÃO SANTOS

A Eldorado Publicidade aconteceu no acanhado mercado, na verdade. A ponto de sermos chamados para uma reunião com o megaempresário João Santos Filho, do Cimento Nassau – o Cariê, o Gilberto Pacheco e eu, em sua agradável casa de Cachoeiro do Itapemirim. Ele tinha intenção de “entregar” a conta publicitária do grupo à nova agência.
Conversamos muito. Sorvemos também – muito até – algumas boas doses de uísque enquanto a conversa esticava por horas. Gilberto se precaveu do uísque porque dirigia seu possante Fusca, que nos levou e trouxe – na manhã seguinte. O jovem empresário nos recebia sem pressa, via-se claramente. Entrecortando a conversa sobre o objetivo da nossa ida, ele e eu conversamos muito sobre jornal, sobre A Tribuna. Pouco depois, soube através do Geraldo Correia Lima, advogado do grupo, que “o João tinha a intenção de levar você pro seu jornal”.
Não o fizera, entretanto, ironicamente por que “me venderam” a ele como “comunista”. Ironicamente, sim, pois no seu jornal trabalhavam alguns bons profissionais, comunistas de carteirinha, coisa que jamais fui.
Um anarquista, no máximo. E a coluna “Diagonal” de A Gazeta revelava isso nas entrelinhas. E nas linhas, também. A conta do grupo João Santos acabou não vindo. Nunca soube dos reais motivos. A conversa pairara num patamar superior – entre o empresário pernambucano e o capixaba Carlos Fernando Lindenbergh, então uma celebridade local – filho de ex-governador, dono de A Gazeta, compositor..

Oleari vai nos contar sobre a Garoto, aguardem.

ANOTAÇÕES DO OLEARI

Fui indicado para a formação da Eldorado Publicidade pelo José Antonio Nunes do Couto, então mais conhecido como Janc. Ele era o único da equipe inicial que já havia trabalhado numa estrutura grande, pois vinha do Rio de Janeiro, para onde foi depois de deixar seu São Gabriel da Palha, e onde trabalhou na Editora Rio Gráfica e outras empresas do sistema Globo.
Janc tinha conhecimentos do ponto de vista da criação como desenhista, e foi peça fundamental para o funcionamento da Eldorado Publicidade. A indicação de Janc a meu nome foi corroborada pelo saudoso Gilberto Pacheco da Costa, que era de Niterói, onde nessa época “os urubus voavam de costas”, como sempre se referiu a Niterói o jornalista, cronista, escritor Stanislaw Ponte Preta/Sergio Porto.
Ele era leitor duma coluna que eu escrevia diariamente para o jornal A Gazeta, chamada “Diagonal” – em homenagem ao belíssimo tema de Johnny Alf – e, segundo me disse, na primeira vez que nos encontramos para falar sobre a idéia da agência, gostava muito do meu texto, “irônico, escrachado às vezes e sempre crítico”.
Bem, leitor, fã, agora sócio e amigo Gilberto Pacheco da Costa, um cara criativo, debochado também, que via lá na frente. Como, afinal, me tornei próximo dos seus irmãos, o saudoso Geraldo – era um figuraço – e do Gilson, atualmente presidente da Associação dos Moradores da Praia da Costa. O Janc, recém-chegado do Rio de Janeiro, já estava escolhido como o lay out man e inicialmente também artefinalista da agência.
Eu fui, claro, como redator. e, de certa forma, como criativo da agência, embora, na prática, muitas vezes um trabalho, uma campanha que fosse, surgisse da troca de idéias em reuniões quase sempre comandadas por Gilberto Pacheco da Costa e muitas vezes brifada pelo Janc. Ou, às vezes, num papo dele comigo.
Indicado e dentro, indiquei e convidei o José Roberto Prado Coelho – fomos colegas de “ginásio” no Colégio Americano e havíamos trabalhado juntos na Rádio Capixaba – para ser o primeiro contato da agência. Estava formado o núcleo “executivo” da EP: Janc, Oswaldo Oleari, José Roberto Prado Coelho, o último a chegar. Os demais eram o citado Gilberto, o Cariê, Dr. Armando Rabelo e Jorge de Souza.
Como disse o Cariê – que, curiosamente, esquece de me citar como sócio-fundador e primeiro redator da Eldorado Publicidade em seu depoimento – as carências do grupo formado há três anos aumentavam e eles decidiram por criar uma agência, inicialmente uma “house”, mas, logo, logo, transformada numa agência para atender também ao mercado externo.
O que ocorreu também, logo, logo que correu a notícia da criação da Eldorado Publicidade. Nosso primeiro cliente externo foi a primeira grande casa de boliche do ES – o Bolichic, salvo engano de alguns neurônios meus - erguida no segundo piso do prédio da atual delegacia regional do Ministério do Trabalho, na rua 23 de Maio, bem em frente ao antigo Cine São Luiz, do grupo Edgar Rocha.
Milson Henriques foi o primeiro empregado da Eldorado Publicidade. Estava de passagem por Vitória, vindo de Campos (RJ) e resolveu dar um tempo por aqui. Pronto, a Eldorado Publicidade ganhara seu artefinalista para trabalhar em dupla com Janc. O segundo foi um meninim magrelim, que, atendendo a um anúncio classificado, chegou à sala 811 do edifício Banco Mineiro da Produção, na avenida princesa Isabel, com trocentos esboços, desenhos, rafiados iuiscambau a quatro, e despejou sobre uma mesa.
Janc, eu, Milson, olhamos parte do que o magrelim mostrava e pronto: José Marcus Borges Coutinho se incorporou à equipe, agora com cinco pessoas, todas as suas manias e conflitos, que eram muitos. O leiati do BoliChic levou mais de 15 dias para “sair”. Janc alegava “falta de inspiração” para a demora, pois ele decidira dar a partida e criar a campanha.
Valeu a demora. Janc apresentou um leiauti arretado, muito expressivo, que deixou os sócios da Eldorado embabacados – isto é, com caras de babacas mesmo – diante do novo. Um dono de gráfica da rua Gama Rosa, no térreo do IBeuv – Instituto Brasil/Estados Unidos – ficou maravilhado e deixou cair: “Que coisa, em Vitória já se faz isso...é, a cidade está crescendo”, disse.
Nosso segundo cliente foi uma empresa que se propunha a instalar música ambiental em empresas, aquela coisa horrorosa chamada “música de elevador”, que na atualidade se chama “lounge”, ou qualquer besteira parecida. Por aqui, era também “coisa nova”. Seria necessário encontrar algo muito forte, apelativo, pra plantar o lançamento da empresa de som.
Apelei. Neurônios em efervescência, precisava mostrar serviço, criei um anúncio com palavras quebradas, que começava assim:
- Você gosta de musica?
E ia por aí. Radicalizei: era para ser publicado em ¼ de página na primeira página de A Gazeta. Internamente, torceram o nariz. Mas, primeio o Janc, depois o Gilberto apoiaram “a loucura”.
No primeiro dia do anúncio, Cariê – Carlos Lindenbergh Filho – foi a “primeira vítima” da ousadia. Logo cedo, recebeu telefonemas de amigas da família, leitoras do jornal: “Cariê, você viu os erros que sairam na primeira página do jornal hoje?”
O anúncio foi, como se dizia no século 20, mamão com açúcar. Internamente, usamos uma expressão mais adequada: “Foi pá e bosta”.
A Eldorado Publicidade começava a aparecer e a despertar curiosidade e atenções, mas em contrapartida também foi colocada na marca de tiro por parte de corretores donos da praça. Em várias circunstâncias, alguns cercaram algumas boas oportunidades de negócios, usando suas influências.
O medo do novo, diziam. Que nos levou a trabalhar a pão e água por algum tempo. Os lançamentos do grupo Eldorado Melhoramentos se sucediam. Edifícios residenciais, comerciais, clubes – o Atalaia Iate Clube de Guarapari, por exemplo. Criada a campanha, aprovada, planejada para ficar no ar inicialmente por pelo menos 60 dias, não durou mais que uma semana, o tempo de venda dos títulos do clube. A campanha, o lançamento, tudo um sucesso!
Um edifício residencial a ser lançado pela Eldorado Melhoramentos na rua do Vintém bateu na faixa de novembro/dezembro: ou se lançava aí ou só “depois do carnaval”. Qualquer menor conhecimento rudimentar de mercado desaconselha algum tipo de lançamento num período difícil de “furar” devido aos zilhões de ofertas para o período natalino – assim já diziam os entendidos.
Não tinha arrego: o edifício precisava ser lançado.
Apelei mais uma vez. Criei na base de uma rima pobre: “Na Rua do Vintém, um jeito bom de morar bem”. Todos acompanharam o “plenamente aprovado” do Gilberto Pacheco da Costa e do Janc. E daí? Apelei mais ainda: “vamos chamar o Geraldo (Pacheco da Costa) pra gravar o spot”.
- “Você está mais doido? O Geraldo não tem voz pra isso...”
Geraldo tinha uma voz metálica, bem aguda. Fiz a defesa: “Por isso mesmo, não vai ter como não prestar atenção ao anúncio do Edifício”. Fomos para o estúdio. Geraldo Gravou. E a campanha foi para o ar.
Meu faro canino – maior e mais sensível do que a intuição humanimal – comprovou. O edifício da rua do Vintém “vendeu” adoidado.
Eram os idos de 1965, ano de fundação da agência. No radim de pilha ancorado na janela da sala 811 do Ed. Banco Mineiro, com vistas para o morro Pela Macaco, em Argolas, e para os botes que atravessavam Vitória/Paul e vice versa, Roberto Carlos estourava: ”E que tudo mais vá pro inferno...” tocava mais do que notícia ruim sobre a ditadura implantada um ano antes.

Depoimento de Osvaldo Oleari, jornalista, Radialista, Publicitário e sócio fundador da Eldorado.
Continuaremos com as memórias do Oleari sabendo como foi no Grupo João Santos.

CARIÊ E A ELDORADO

Andávamos pela segunda metade do ano de 1962, quando me encontrava desempregado já que meu pai, de quem eu era assessor, deixara o governo.
Casualmente na rua encontrei com o velho amigo Eduardo Curry que me convidou para ser sócio de uma empresa corretora de imóveis e incorporadora. Não precisei esclarecer que aquilo não fazia sentido, pois nada entendia do ramo, por que ele me foi logo sínica e positivamente afirmando que queria o meu dinheiro e não a minha incompetência. Em meio a uma gostosa gargalhada esclareci que era pobre “de marré, marré de si” e vivia de uma pequena mesada de meu pai em retribuição aos serviços que lhe prestara e ainda algumas tarefas momentâneas que fazia para ele.
Em meio a nossa conversa surgiu o famoso e benevolente gerente do Banco Hipotecário, estabelecido em frente do Teatro Glória, Tito Lívio Vicenzi. Era a primeira vez que nos revíamos depois do término do governo de papai e ele generosamente me ofereceu a grana que eu precisasse para recomeçar a vida. Era tudo do que o Eduardo precisava.
Saímos do banco com qualquer coisa em torno de quinhentos, dos quais, cem emprestei ao próprio Eduardo, cem ao Gilberto Pacheco da Costa, cem ao Nelson Gilaberti, Cem ao Jorge de Souza e fiquei com cem. Assim se constituiu A Eldorado (Melhoramentos) Ltda. Empresa, da qual se originou a Plano Engenharia e o Escritório Vitória de Serviços Técnicos. Seja vendendo imóveis de terceiros ou incorporando e construindo próprios, cada vez mais tínhamos maior necessidade de usar publicidade. O gênio da empresa, Gilberto, logo percebeu que precisávamos dar um passo à frente daquilo que faziam os nossos concorrentes. Por sua iniciativa contratamos no Rio de janeiro a JMM que além de nos atender com competência nos facultava conhecer todo o processo de criação publicitária. Usávamos na época mais jornal e rádio e apenas “table top” na TV Vitória, emissora, na época, ainda precária.
Não demorou muito para sentirmos que havia chegado a hora de, com os conhecimentos adquiridos na JMM, montarmos a nossa House, para a qual convidamos os mais competentes profissionais da praça com vocação para o ramo. A diferença de qualidade publicitária dos nossos lançamentos para os nossos concorrentes foi se tornando cada vez mais visível aos olhos públicos. Cedo começaram a surgir algumas demandas de terceiros visando obter os bons frutos oferecidos pela House.
A partir daí ficou evidente que deveríamos constituir uma empresa a Eldorado Publicidade Ltda., a pioneira o estado, e que foi também um estimulo para o surgimento de outras concorrentes do ramo.
Se bem me recordo os primeiros sócios da Eldorado Publicidade foram Gilberto Pacheco da Costa, Armando Duarte Rabelo, que sucedera ao Jorge de Souza, e Eu. Sei que muitos competentes profissionais que passaram por esta empresa, já abordaram com riqueza de detalhes a importância que tiveram na vida e no crescimento da Eldorado: Janc, Milson Henriques, Zé Roberto Prado Coelho, Xerxes Gusmão Neto, e tantos outros abnegados que mantiveram acesa a chama até o lamentável falecimento de Haroldo Bussoti, quando a agência se desativou.

Depoimento de Cariê Lindenberg.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

NA CONFRARIA DA MÃE JOANA

Em uma das reuniões da Confraria Mãe Joana, que regularmente desde 1997 reúne semanalmente publicitários, empresários, jornalistas, desocupados e outros menos cotados, eu conversava com o Álvaro Nazaré sobre o projeto e de minha vontade em retomá-lo, mas de forma diferente, reunindo todas as histórias e “causos” a serem escritas pelos próprios personagens que vivenciaram essa história. Nazaré, sempre disposto a incentivar boas idéias me ajudou a disseminar a nova proposta entre os Confrades. Daí foi elaborar a relação de quem poderia contribuir, fazer os convites e partir para a luta.
De imediato tive o apoio do Cacau Monjardim que topou juntar esforços comigo, depois veio o Tourinho que se dispôs a editar o livro. Pronto, estava relançada a idéia do resgate de nossa história, bastava confirmar a participação dos “historiadores”.
As adesões foram imediatas, inclusive dos membros da primeira reunião, acima citados, e de outros “escritores” cujos nomes não citarei aqui até porque os leitores poderão constatar suas participações no decorrer da leitura deste.
Esta obra divide-se em três partes. Na primeira teremos a história da propaganda, como surgiram as primeiras Agências, os pioneiros e como era e como está hoje o mercado. Na segunda parte os leitores poderão se deliciar com as histórias acontecidas dentro das Agências, com os “causos” contados pelos próprios personagens. Finalmente teremos algumas páginas com curiosidades sobre o mercado onde os mais novos saberão detalhes curiosos como quem foi o primeiro publicitário a explorar determinada mídia, como veio para o estado, etc.
Mais que um livro, esta obra é um documento histórico, que esperamos seja de grande utilidade, para profissionais, estudantes e pesquisadores da propaganda capixaba, propaganda essa cujos autores fizeram acontecer.
Bem, aqui encerramos a apresentação de nosso livro, agora iniciaremos a publicação das história que já recebemos.
Se você, leitor, também faz parte desse mercado e quer colaborar com suas memória, contar os seus "casos e causos" que irão contribuir para enriquecer nosso livro fique a vontade, nos envie seu material.
Até o próximo capítulo.
1 abraço.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

TOMANDO CORAGEM

Bem meus amigos, finalmente resolvi que não vou mais esperar que mandem as histórias, lembranças perdidas em cada memória sobre os "casos e causos" da propaganda capixaba nos últimos quarenta anos.
É minha intenção começar a publicar as memórias dos que já me enviaram. Com isso vocês terão uma visão do que será nosso livro, e quando digo "nosso" é exatamente isso que quero dizer porque o resultado das publicações é que serão a matéria prima do livro.
Vamos iniciar fazendo uma apresentação do livro.

APRESENTAÇÃO
A vontade de registrar a história de nossa propaganda vem de longa data, sendo compartilhada com vários colegas. Sempre se falou em escrever um livro resgatando essa história, mas ficava só na vontade.
Em novembro de 2005 aconteceu uma reunião, na sala de Cariê, onde ficou denida uma comissão para resgatar, em livro, a história da propaganda capixaba.
Assim ficou constituida a comissão: Calazans, Fernando Manhães, Cacau Monjardim, Cariê. Maely e eu.
Como nesse nosso Brasil tudo que começa com uma "comissão" tem vida curta, não vai adiante essa não fugiu a regra, parou por ai. Apesar de todos terem grande interesse em colaborar, os afazeres diários de cada um, os compromissos e outros entraves impediram que o projeto fosse adiante.