sábado, 22 de maio de 2010

CARIÊ E A ELDORADO

Andávamos pela segunda metade do ano de 1962, quando me encontrava desempregado já que meu pai, de quem eu era assessor, deixara o governo.
Casualmente na rua encontrei com o velho amigo Eduardo Curry que me convidou para ser sócio de uma empresa corretora de imóveis e incorporadora. Não precisei esclarecer que aquilo não fazia sentido, pois nada entendia do ramo, por que ele me foi logo sínica e positivamente afirmando que queria o meu dinheiro e não a minha incompetência. Em meio a uma gostosa gargalhada esclareci que era pobre “de marré, marré de si” e vivia de uma pequena mesada de meu pai em retribuição aos serviços que lhe prestara e ainda algumas tarefas momentâneas que fazia para ele.
Em meio a nossa conversa surgiu o famoso e benevolente gerente do Banco Hipotecário, estabelecido em frente do Teatro Glória, Tito Lívio Vicenzi. Era a primeira vez que nos revíamos depois do término do governo de papai e ele generosamente me ofereceu a grana que eu precisasse para recomeçar a vida. Era tudo do que o Eduardo precisava.
Saímos do banco com qualquer coisa em torno de quinhentos, dos quais, cem emprestei ao próprio Eduardo, cem ao Gilberto Pacheco da Costa, cem ao Nelson Gilaberti, Cem ao Jorge de Souza e fiquei com cem. Assim se constituiu A Eldorado (Melhoramentos) Ltda. Empresa, da qual se originou a Plano Engenharia e o Escritório Vitória de Serviços Técnicos. Seja vendendo imóveis de terceiros ou incorporando e construindo próprios, cada vez mais tínhamos maior necessidade de usar publicidade. O gênio da empresa, Gilberto, logo percebeu que precisávamos dar um passo à frente daquilo que faziam os nossos concorrentes. Por sua iniciativa contratamos no Rio de janeiro a JMM que além de nos atender com competência nos facultava conhecer todo o processo de criação publicitária. Usávamos na época mais jornal e rádio e apenas “table top” na TV Vitória, emissora, na época, ainda precária.
Não demorou muito para sentirmos que havia chegado a hora de, com os conhecimentos adquiridos na JMM, montarmos a nossa House, para a qual convidamos os mais competentes profissionais da praça com vocação para o ramo. A diferença de qualidade publicitária dos nossos lançamentos para os nossos concorrentes foi se tornando cada vez mais visível aos olhos públicos. Cedo começaram a surgir algumas demandas de terceiros visando obter os bons frutos oferecidos pela House.
A partir daí ficou evidente que deveríamos constituir uma empresa a Eldorado Publicidade Ltda., a pioneira o estado, e que foi também um estimulo para o surgimento de outras concorrentes do ramo.
Se bem me recordo os primeiros sócios da Eldorado Publicidade foram Gilberto Pacheco da Costa, Armando Duarte Rabelo, que sucedera ao Jorge de Souza, e Eu. Sei que muitos competentes profissionais que passaram por esta empresa, já abordaram com riqueza de detalhes a importância que tiveram na vida e no crescimento da Eldorado: Janc, Milson Henriques, Zé Roberto Prado Coelho, Xerxes Gusmão Neto, e tantos outros abnegados que mantiveram acesa a chama até o lamentável falecimento de Haroldo Bussoti, quando a agência se desativou.

Depoimento de Cariê Lindenberg.

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